Opinião: Mancha, Crefisa e Palmeiras têm uma questão ética para discutir
O Palmeiras deveria aproveitar o embalo do merecido título da Mancha no Carnaval paulistano para tocar numa ferida visível mas aparentemente ignorada pela maioria no clube. Falo da relação da torcida e da escola de samba com a Crefisa.
Conselheiros e sócios precisam discutir até que ponto é saudável para o Palmeiras membros do Conselho Deliberativo ligados à escola de samba ou à torcida Mancha Alviverde participarem de votações no órgão sobre temas que esbarram no patrocínio ao time ou nos interesses dos donos da patrocinadora.
Não opinião deste blogueiro há um desconforto ético que poderia ser sanado com os integrantes dos dois braços da Mancha se abstendo de participar de votações que tenham alguma importância para a Crefisa, a FAM e seus responsáveis.
Caso não seja possível um acordo de cavalheiros nesse sentido, seria prudente apertar o estatuto pensando nessa situação e em outras que podem ocorrer no futuro.
Os exemplos de votações no conselho que envolvem interesses da Crefisa e dos empresários e conselheiros do clube José Roberto Lamacchia e Leila Pereira são encontrados facilmente.
Entre eles está a recente mudança estatutária que aumentou de dois para três anos o mandato presidencial e teve Leila como uma das principais apoiadoras. Ela pretende ser candidata à presidência do Palmeiras.
No mesmo pacote entra a sessão na qual o Conselho Deliberativo deu seu aval para mudanças no contrato de patrocínio da Crefisa com o Palmeiras contestadas pelo COF (Conselho de Orientação e Fiscalização).
Por simpatia à ética, quem tem relações comerciais ou é apoiado financeiramente pela Crefisa ou seus donos deveria ficar fora de votações como estas.
A patrocinadora palmeirense é protagonista da guinada que a escola de samba deu em sua trajetória. O suporte da financeira, principalmente via Lei Rouanet, valeu até o batismo da quadra da agremiação com os nomes de Leila e Lamacchia.
Por sua vez, o presidente da escola de samba, Paulo Serdan, costuma caminhar de mãos dadas politicamente com o casal no clube. Ele também é conselheiro.
Há ainda outro lado nessa relação, a arquibancada. Como vai se posicionar a torcida Mancha Alviverde, historicamente atuante no sentido de cobrar diretorias do clube, se pintar uma questão que entre em conflito com os os caras que emprestam seus nomes para a quadra da escola de samba?
Oficialmente, escola e torcida são instituições diferentes, mas é inegável que grande parte dos que cantam na arquibancada fazem o mesmo na quadra.
Por mais que o momento seja de comemoração, seria salutar para todas as partes envolvidas, sobretudo para o Palmeiras, começar a pensar nessa situação incômoda. Adiar a discussão indigesta pode provocar danos irreversíveis.
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