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Jovens do São Paulo "ralam" por massa muscular. Antony ganhou mais de 2kg

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13/04/2019 04h00

Foto: Marcello Zambrana/AGIF

Em cerca de três meses no time profissional do São Paulo, Antony, 19 anos, já ganhou entre dois e três quilos de massa muscular. O fortalecimento é resultado de um trabalho especial feito por ele, Luan, 19 anos, Igor Gomes, 20 anos, e Liziero, 21 anos, destaques na guinada dada pelo time para chegar à final do Campeonato Paulista diante do Corinthians a partir de domingo (14).

Os detalhes da preparação das revelações tricolores foram contados ao blog em entrevista exclusiva concedida pelo preparador físico do clube, Carlinhos Neves, na última sexta (12). Os zagueiros Walce e Rodrigo, ambos de 20 anos, e os atacantes Toró e Helinho, de 19 anos cada, completam o grupo que passa por um processo que no passado fortaleceu Kaká e Lucas Moura. A marca de Antony é comparada com a de Moura, que ganhou seis quilos de massa muscular em seis meses no início como profissional são-paulino.

"O time todo faz de dois a três treinos de força por semana, treino como equipe. Esses (o grupo de  oito jovens), além dos três treinos com o time, fazem todos os dias atividades complementares. São treinamentos de força, de busca de ganho de massa muscular", contou Neves.

Os exercícios variam conforme as características de cada garoto e de acordo com as exigências de suas posições. "Nosso maior cuidado é não impedir o desenvolvimento natural deles, daqui um ano vão ser jogadores diferentes em termos de desenvolvimento. Também é importante potencializar o que cada um tem de qualidade", afirmou o preparador físico.

A comissão técnica do São Paulo não colocou metas de ganho de massa muscular a serem atingidas por cada atleta. Mas acelerar o processo de aumento de peso de jogadores rápidos, como Antony e Helinho, não pode tirar a velocidade deles?

"Caiu esse conceito faz tempo. Potência é igual a força x velocidade. Os músculos ajudam o jogador a ser  capaz de "sprintar", (ou seja) de sair do zero e arrancar. Além de torná-los mais velozes, (esse trabalho) ajuda a manter a velocidade na maior parte da partida. Não adianta o Antony dar quatro arranques no jogo e morrer", explicou Neves.

Jovens como Igor Gomes tem sofrido com intensidade dos jogos. Foto: Alan Morici/AGIF

Outro mito derrubado pelo preparador físico é o de que jovem pode jogar o tempo inteiro que aguenta. Pelo contrário. Ele fala do sofrimento que é para a molecada conseguir terminar uma partida sem perder intensidade.

"Igor Gomes, Luan e Liziero terminam o jogo sofrendo muito. Primeiro, o número de partidas inteiras desses jogadores (os quatro que costumam atuar) é muito pequeno. Na base eles já jogam menos. Neste ano, nenhum deve ter feito dez jogos completos. Outra coisa, eles são moleques e treinam e competem com moleques. Aqui (treinam e competem) com homens formados, como Hudson, Jucilei e Arboleda.  Eles não aguentam as exigências de uma partida o tempo inteiro (no mesmo nível), isso é independente do preparo físico, tem a ver com a maturação deles. Eles vão evoluindo, ainda nesta temporada vão aguentar", afirmou o integrante da comissão técnica são-paulina.

Outra questão é que parte deles não fez a pré-temporada em janeiro por estar disputando a Copa São Paulo ou o Sul-Americano Sub-20 com a seleção brasileira. Os jovens promissores ganharam uma semana de folga ao final desses compromissos. O tempo de descanso foi considerado pequeno pela comissão técnica.

Por isso, eles recebem ainda mais atenção do que a maioria dos companheiros em questões fisiológicas e nutricionais. Algumas vezes, são retirados faltando cerca de 20% para o fim de uma atividade para evitar o desgaste excessivo. Lizero ainda é cercado de mais cuidados por causa uma questão anatômica que o acompanha desde pequeno.

Como explica o preparador físico, Luan, Igor Gomes, Liziero, e Antony, além de seus jovens colegas, estão em fase de maturação hormonal e biológica, porém já são vistos no clube como peças importantes para o São Paulo brigar em igualdade de condições pelo título estadual com o Corinthians.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

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