Palmeiras, MP e polícia suspeitam que clube é vítima de racha em organizada
Ministério Público (MP), Polícia Civil e integrantes do Palmeiras suspeitam que o clube virou vítima de um racha entre torcedores organizados. As pichações na sede do alviverde e o ataque ao ônibus do time antes da vitória por 3 a 0 sobre o Junior de Barranquilla pela Libertadores, nesta quarta (10), aconteceram por conta dessa divisão, segundo essa tese.
O MP monitora um conflito na Mancha Alviverde que acontece desde antes da morte de Moacir Bianchi, um dos fundadores da agremiação, em 2017. Em meio ao desentendimento, ele foi assassinado. Depois, integrantes da torcida que tinham ideias opostas a dele acabaram sendo expulsos. Segundo fonte no MP, além do assassinato, há uma série de investigações sobre o desentendimento entre dissidentes e a atual diretoria da Mancha Alviverde. Parte dos ex-integrantes da organizada é vista no Ministério Público como um foco potencial de problemas.
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Na noite desta quarta-feira, a polícia investigava se dois suspeitos de participarem do atentado ao ônibus palmeirense estão envolvidos no racha. Antes mesmo de o veículo ser apedrejado, a hipótese de o Palmeiras ter sofrido reflexos da briga na organizada já era considerada no alviverde.
Isso porque nas pichações na sede do clube por conta da eliminação no Paulista diante do São Paulo havia críticas à própria torcida, chamada de vendida. A citação sugere discordância ao fato de a escola de samba da Mancha ser patrocinada pela Crefisa. Com a ajuda da parceira do Palmeiras, a agremiação venceu o Carnaval paulistano de 2019. Uma das pichações dizia "fora, Leila" (Pereira, dona da Crefisa e conselheira do clube).
A insinuação é de que a Mancha não critica o time por ser patrocinada pela mesma empresa que o Palmeiras. A violenta cobrança à equipe seria uma forma de atacar a cúpula da uniformizada numa tentativa de aumentar a divisão. Isso de acordo com a tese de que o time sofre efeitos do racha.
"Os fatos que antecederam a partida do Palmeiras são incompreensíveis para quem observa de longe, mas são óbvios para quem olha de perto. É triste que uma guerra entre facções de uma torcida afete o espírito de um clube que vem fazendo um trabalho tão consistente há tanto tempo", escreveu em sua conta no Twitter André Sica, um dos advogados do Palmeiras.
O entendimento praticamente unânime no clube é de que o histórico recente do time, campeão brasileiro no ano passado, não justifica revolta tão grande. Pouco depois do atentado, um membro da delegação alviverde disse ao blog, sob a condição de anonimato por temer represálias: "o que fizeram aqui não existe. Quebraram o ônibus do Palmeiras todo. Há três meses fomos campeões, dá um desgosto do c…"
Procurada pelo blog, Leila atribuiu o fato de ela ter virado alvo dos protestos a questões políticas, sem entrar em detalhes. Abaixo, leia na íntegra nota enviada ao blog pela assessoria de imprensa da empresária sobre o assunto.
"O torcedor tem todo direito de reclamar e protestar, eu como torcedora também fico muito chateada quando o resultado não vem, porém, sou contra violência. Sobre críticas diretas a mim, lógico que isso tem um componente político. Tem gente que nesses momentos se aproveita da situação. E além do mais todos sabem que não interfiro em nenhuma decisão com relação ao time. Sei bem qual é o meu papel como conselheira e como patrocinadora. E o torcedor sabe que faço o que é possível para ajudar o Palmeiras".
O comunicado, enviado como resposta a perguntas feitas pelo blog, não diz quem estaria se aproveitando da situação. Leila e seu marido, José Roberto Lamacchia, também conselheiro, estão alinhados politicamente com o presidente Maurício Galiotte. Constantemente, entram em rota de colisão com a oposição no clube. Os empresários também estão em sintonia com a cúpula da Mancha Alviverde, principal organizada palmeirense. Eles tiveram a quadra da escola de samba batizada com seus nomes.
O blog não conseguiu entrar em contato com a diretoria da Mancha e nem com seus dissidentes.
Com Danilo Lavieri, do UOL, em São Paulo
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