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Bom de 'mecânica', tática e técnica, Lauda simboliza era romântica da F-1

Perrone

20/05/2019 22h48

Com  a morte de Niki Lauda nesta segunda (20), a Fórmula 1 perde uma das principais referências de sua era romântica. O austríaco está entre as lendas da época em que as ultrapassagens aconteciam aos montes, tocar roda com roda era normal, e não existiam regras que hoje impedem a agressividade nas pistas.

Lauda era rápido, técnico e estrategista. Foi um dos responsáveis por este blogueiro criar o hábito mantido até hoje de passar quase duas horas nas manhãs de domingo em frente à televisão para assistir às corridas.

Comecei acordando para ver Emerson Fittipaldi. Daí fui descobrindo outros gigantes das pistas que não falavam português. Lauda é um desses caras inesquecíveis. Depois ainda o vi no asfalto com Nelson Piquet e Ayrton Senna.

Lembro como comemorei a ultrapassagem de Senna, iniciante, com uma Toleman, sobre o veterano Lauda, de McLaren, no GP de Mônaco em 1984. Valia o segundo lugar. É uma das manobras mais marcantes da F-1, na curva, sob chuva, feita por um jovem promissor em cima de um piloto lendário.

Comparar Niki com os pilotos de hoje é difícil. Os carros exigiam muito mais braço. O acerto das máquinas nos finais de semana dependia mais dos pilotos do que hoje em dia com tanta tecnologia. E ele tinha sensibilidade para tirar o melhor do carro, manjava da parte mecânica da brincadeira. Pra finalizar, sabia controlar os bólidos como só gênios da categoria sabem. Conquistou três títulos mundiais numa era que tinha muita fera pilotando, e em que a diferença entre os carros era bem menor do que hoje. Sobrava gente no grid brigando pela vitória. Perdão pelo saudosismo, mas lá se vai mais um símbolo dos bons e velhos tempos da F-1.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.