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Opinião: Fla aposta em caminho mais longo com Jesus. Isso pode ser bom

Perrone

01/06/2019 14h00

Em tese, a diretoria do Flamengo optou pelo caminho mais longo  para espantar a crise ao escolher o técnico Jorge Jesus.

Isso pode ser bom, desde que a direção confie na sua escolha e aguente eventuais pressões e não abandone o projeto.

Os fatores que levaram o clube a chegar no estágio crítico foi a incapacidade de Abel Braga de fazer o time jogar no nível da expectativa gerada pelos gastos em sua montagem.

O outro foi a falta de respaldo da direção ao treinador. Os dirigentes não bancaram o técnico, ele sentiu a fritura e, sabiamente, pediu para sair.

Do conforto da minha poltrona, longe do caldeirão que virou a Gávea, eu pergunto: qual desses dois problemas podemos dizer que têm grandes chances de serem resolvidos imediatamente com o português Jesus nos vocais?

Pra mim, nenhum. Teoricamente é mais difícil uma solução imediata com um estrangeiro do que com um brasileiro do mesmo nível.

Jesus vai ter que se adaptar ao futebol local para render o seu melhor. Precisará conhecer as manhas do jogadores, ter ao mesmo tempo pulso firme e malandragem para lidar com um elenco badalado. A recíproca é verdadeira.

O novo comandante ainda terá que conhecer adversários e aprender a lidar com as peculiaridades do nosso futebol.

Tudo isso leva tempo. Aqui está o problema. A exigência interna e externa hoje é para que o Flamengo mostre já um futebol compatível com o custo de sua equipe.

Torcida, imprensa e diretoria terão paciência com Jesus? Se ele começar mal, acredito que ela será muito curta. Se começar bem, o técnico pode ganhar dois ou três meses de paz.

Nesse cenário, se a direção não bancar o português, não convencer a torcida de que se trata de um projeto duradouro, não vai dar certo.

Jesus é uma boa opção se a aposta for numa transformação a longo prazo, a fim de implantar uma nova mentalidade na Gávea. E se houver determinação para tocar esse plano contra os críticos.

Agora, se for pra continuar levando a vida no imediatismo, era melhor trazer um técnico brasileiro. Se não dá pra biscar um nacional top, você consegue alguém para melhorar significativamente o time de cara e tocar até dezembro.

Lá por março  do ano que vem você vai ter que trocar de novo. Ou seja: é mais difícil, mas é mais eficiente apostar no projeto que leva mais tempo para se concretizar.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.