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Advogado de Najila trava batalha com MP para tentar desarquivar inquérito

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19/08/2019 10h18

Com Felipe Pereira, do UOL em São Paulo

Cosme Araújo, advogado de Najila Trindade, tenta na Justiça o desarquivamento do inquérito no qual Neymar foi investigado sob a acusação de estupro de sua cliente. Caso o pedido seja negado, ele requer a suspensão do arquivamento para novas diligências serem cumpridas. Na última sexta (16), a juíza Ana Paula Gomes Galvão Vieira de Moraes encaminhou nova manifestação do representante de Najila para o Ministério Público se posicionar.

Araújo já havia pedido o desarquivamento no último dia 12, mas o MP manteve sua posição de arquivar o caso, o que gerou nova iniciativa do advogado. Em sua primeira petição ele pediu para o inquérito ser desarquivado com o objetivo de que fosse mantida a requisição das imagens de câmeras de vídeo do hotel em Paris em que Najila e Neymar se encontraram. O inquérito foi arquivado sem que elas fossem analisadas.

O advogado também pediu que "fosse dado valor à palavra da mulher, oportunizando uma instrução criminal". Ele ainda solicitou que fosse retirado do inquérito o depoimento do ex-marido de Najila e da peça apresenta pela defesa de Neymar pedindo o arquivamento. O atleta nega o crime. O advogado põe o depoimento sob suspeita e sustenta que tecnicamente a alegação dos representantes do jogador não poderia ser feita durante o inquérito e sem oportunidade para as afirmações serem rebatidas. Os depoimentos do ex-marido da modelo, Estivens Alves, foram dados em inquéritos que apuram suposta tentativa de extorsão contra o pai de Neymar e suposto furto do tablet de Najila. Assim Cosme entende que eles não deveriam ser usados no inquérito que apurou o suposto estupro.

Na última quinta, as promotoras Flávia Cristina Merlini  e Estefânia Ferrazini Paulin alegaram que Araújo não apresentou novas provas para justificar o desarquivamento. No entanto, elas concordaram com a retirada dos memorias apresentados pela defesa de Neymar do inquérito, admitindo que eles não poderiam ser apresentados na fase de investigações policiais.

Sobre as imagens registradas no hotel, as promotoras afirmam que, por terem sido gravadas fora do quarto de Najila, elas não trariam algo relevante para o caso. Mesmo assim, elas escreveram que o MP não se opõe à apresentação das imagens.

Diante da resposta do Ministério Público, Cosme apresentou sua petição mais recente alegando que o MP confessou que o inquérito foi "contaminado" ao concordar que as alegações da defesa de Neymar não poderiam ter sido apresentadas. Ele também afirma que o Ministério Público faz "mea culpa" ao dizer que não se opõe à apresentação das imagens.

O advogado solicita que, se a juíza não concordar com o desarquivamento, seja suspenso o arquivamento até que as alegações da defesa de Neymar sejam retiradas do inquérito e as imagens gravadas no hotel recebidas. Por fim, Araújo pede que, em caso de desarquivamento, o procurador-geral do MP paulista seja comunicado.

Sobre a solicitação para a retirada do depoimento do ex-marido de Najila do inquérito, o MP foi contrário, alegando que a autoridade policial pode produzir as provas que entende necessárias. "Não faz sentido o pedido, quando foi ouvido nos outros inquéritos, Estivens foi indagado sobre vários assuntos e respondeu tudo. Para evitar um novo e longo depoimento pedimos para que as declarações fossem repassada à delegacia que investigava se houveo estupro. Não existe irregularidade", disse ao blog Milena Peterle Savio, advogada do ex-marido de Najila. "O depoimento do meu cliente pode ter corroborado, mas não foi o que determinou o arquivamento. Ele cumpriu o seu dever de cidadão ao depor e precisava se manifestar porque estava sendo colocado no mesmo balaio, como se fosse parceiro da Najila", completou a advogada.

Procurada, a Polícia Civil afirmou que ainda não havia sido comunicada sobre o pedido de desarquivamento do caso.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.