Topo

Perrone

Opinião: falta Neymar dizer o que PSG e Paris fizeram de tão grave para ele

Perrone

25/08/2019 11h29

Algo incompreensível para este blogueiro é o que PSG e Paris fizeram de tão grave para Neymar que justifique todo o desespero do brasileiro para trocar de clube. Seria interessante que o jogador esclarecesse esse ponto, caso contrário, ficarão no imaginário do torcedor versões negativas para ele, pois aparentemente não há motivos para tal repugnância em relação ao clube e à cidade.

Lá atrás, quando esquentou o noticiário sobre a possibilidade de o Barcelona contratar o astro de volta, a diretoria catalã afirmou publicamente que o desejo de voltar partiu do atleta. Ou seja, segundo esse relato, não se trata de um caso em que o profissional estava quieto, trabalhando feliz, mas pirou com uma proposta espetacular para trocar de emprego.

Relatos de amigos de Neymar dão conta de que ele não está feliz no PSG e em Paris. Isso é reforçado pelo discurso do técnico Thomas Tuchel que afirmou em entrevista ter sido avisado pelo brasileiro no final da temporada passada que ele queria deixar a agremiação. O treinador contou que não sabia o que tinha acontecido entre o clube e o jogador.

Até onde se sabe, o PSG deu tratamento de rei para Neymar. Pagou sua multa rescisória com o Barcelona sem reclamar, atendeu a todos seus desejos e pedidos especiais. O primeiro "não" público só aconteceu no início da atual temporada, quando, sob a batuta de Leonardo, o clube parisiense repreendeu o jogador por não se reapresentar com os companheiros. Na ocasião, o atleta alegou que havia combinado uma data diferente para o retorno, pois tinha compromisso com um patrocinador e seu instituto.

É sabido que Leonardo voltou à equipe parisiense para, entre outras funções, implantar uma linha dura, não só em relação a Neymar, mas com todo o elenco. Se é por isso que o jogador da seleção brasileira quer sair, seria melhor ele comprar um clube e estabelecer suas próprias regras. Torcer o nariz porque o patrão não vai lhe conceder benefícios seria algo extremamente amador. Não dá pra ser o número 1 do mundo pensando assim, caso esse seja o pensamento.

Se é difícil enxergar a olho nu o que o PSG possa ter feito a Neymar, o que falar de Paris? O brasileiro foi recebido na cidade com mensagem de boas-vindas na torre Eiffel. Tá bom pra você?  Além disso, ele demonstrava ter uma vida social agradável na cidade, com amigos, festas, jantares, tudo dentro da normalidade. Ao longo de sua trajetória no PSG não vimos sinais de falta de adaptação a Paris.

Neymar tem o sagrado direito de ficar calado sobre o que o faz querer trocar de time e, consequentemente, de cidade. Porém, abrir o jogo seria bom para sua imagem e para a relação com seus fãs, além de ser mais justo com os torcedores que até o pedido de divórcio o apoiaram no PSG.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.