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Opinião: demissão de Felipão fortalece quem quer derrubar Mattos

Perrone

02/09/2019 20h39

Foto: Marcello Zambrana/AGIF

Em tese, a queda de Felipão fortalece os críticos de Alexandre Mattos no Palmeiras. Ficou claro que a diretoria palmeirense cedeu às pressões de torcedores, conselheiros e até de colegas de direção para trocar de treinador. Tal reação deve dar mais ânimo para os que querem derrubar o diretor de futebol. "Quem derrubou um, derruba dois", devem estar pensando os insatisfeitos.

Felipão foi campeão brasileiro no ano passado, acumula eliminações em 2019, mas chegou a fazer uma campanha muito boa no Brasileirão, com direito à folga na liderança, antes da pausa para a Copa América. Na primeira crise os dirigentes resolveram entregar a cabeça do treinador numa bandeja. Só consigo pensar que não aguentaram a pressão.

Num cenário de coerência, convicção e confiança, os cartolas teriam peitado os críticos, mantido o treinador, mas cobrado a comissão técnica e jogadores, trabalhado para identificar os problemas (digo aqueles profundos, não os apontados nas análises cheias de ódio e superficiais). Era preciso ter o cuidado de ir a fundo na análise do desempenho de cada jogador, ver se tem gente acima do peso ou com outros problemas. E fazer o mesmo em relação a todos os profissionais da comissão (preparadores físicos, fisioterapeutas, médicos, auxiliares …). Era preciso olhar para o que a própria diretoria tem feito com o objetivo de corrigir erros. Será que Scolari é o único que não está rendendo bem? Duvido.

Porém, a reação foi de fraqueza na minha opinião. A mudança, independentemente de quem assumir o comando, num primeiro momento mergulha mais o alviverde na crise. Neste instante, não há projeto para um dos elencos mais caros do país. Tudo terá que ser refeito. Pode dar certo e render o título do Brasileiro. Mas hoje a crise é maior do que ontem. Além disso, há um exército revoltado com o desempenho do time querendo ver cabeças rolarem. Desde o final da tarde desta segunda (2), eles estão mais fortes. Ou, pelo menos, estão se sentindo mais poderosos, acreditando na capacidade de conseguirem o que querem na marra.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.