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Opinião: reação apática a ato contra mulher de B. Henrique também é grave

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21/10/2019 18h13

O episódio em que  torcedores do Palmeiras são acusados de agredir a mulher de Bruno Henrique, Bhel Dietrich, é gravíssimo. Porém, tão grave quanto é a falta de reação enérgica de jogadores e dirigentes do clube.

O Palmeiras se manifestou numa nota protocolar, criticando e lamentando o ocorrido e afirmando assegurar apoio ao atleta e seus familiares. Na opinião deste blogueiro o clube poderia ter reagido de maneira mais firme. Deveria ter anunciado medidas para reforçar a segurança do elenco, ter cobrado publicamente as autoridades para identificar os acusados e ter se comprometido a expulsar os vândalos, caso eles sejam sócios-torcedores identificados da agremiação.

Até agora, também, não se viu uma reação firme dos jogadores, tanto palmeirenses como de outras equipes. Esse é o gancho para a categoria se unir contra os constantes atos de violência e intimidação de torcedores. Deveriam fazer um protesto, pressionar autoridades pela identificação dos supostos agressores, cobrar medidas protetoras de dirigentes e até políticos para que endureçam a lei contra casos desse tipo.

Mas o sentimento geral parece ser de conformismo. Algo como "é um absurdo, mas acontece mesmo". Só que essa letargia tende a piorar o problema. É razoável imaginar que esse episódio estimule outros torcedores raivosos, não só do Palmeiras, mas de todos os clubes. Vale lembrar que a torcida do Corinthians entoou o famoso "ou joga por amor ou joga por terror" no último sábado depois da derrota por 2 a 1 para o Cruzeiro.

Enquanto a resposta se der apenas por meio de pronunciamentos óbvios e burocráticos, o ambiente estará propício para que os atos hostis aumentem. Pelo jeito, mais uma chance para impor limites aos torcedores sem noção será perdida.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.