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Dependência? Dudu cruzou mais bolas do que o Corinthians inteiro em dérbi

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10/11/2019 11h06

Dudu pega a bola diante de uma marcação tripla do Corinthians. Ginga para um lado, para o outro, até conseguir espaço para chutar. O esforço para se livrar dos marcadores o faz perder equilíbrio no momento do arremate que sai fraco, facilitando a defesa de Walter. Nenhum palmeirense se colocou em boa condição para dar ao companheiro o passe como alternativa.

O lance descrito acima ocorreu no segundo tempo do empate em um gol no clássico deste sábado (9) no Pacaembu e ilustra a repetição da dependência que o Palmeiras tem em relação Dudu. Ela é tanta que faz o time de Mano Menezes viver principalmente das finalizações do atacante e de seus cruzamentos.

A jogada mais característica do alviverde é o drible de Dudu pela beirada seguido do cruzamento. Prova disso é que ele fez 17 cruzamentos durante a partida no Pacaembu, segundo o site "Footstats". Acertou apenas três. O segundo palmeirense que mais cruzou foi Scarpa com seis cruzamentos. Foram dois certos e quatro errados. No Corinthians, quem mais recorreu a esse tipo de jogada foi Ramiro, que errou as suas três tentativas. Todos corintianos juntos cruzaram menos do que Dudu. O alvinegro utilizou a bola cruzada 12 vezes durante a partida.

Outro sinal de como o Palmeiras novamente dependeu de Dudu está na lista de principais finalizadores do time no dérbi. Dudu aparece no topo empatado com Bruno Henrique. Foram quatro conclusões de cada. O atacante acertou a metade, e o meio-campista só uma.

O fato de seus colegas o procurarem o tempo inteiro, Fez de Dudu o segundo palmeirense que mais teve a posse de bola no jogo. Ela ficou com o atacante em 7.18%. Diogo Barbosa foi o único com marca maior: 7.52%.

A insistência palmeirense com os cruzamentos e jogadas individuais de Dudu torna o time de Mano previsível e mais fácil de ser marcado pelos adversários, embora anular o atacante alviverde não seja mamão com açúcar. Porém, mesmo com os rivais dobrando ou até triplicando a marcação em cima dele foi difícil no clássico outros jogadores aproveitarem o espaço aberto por ele.

Não é preciso fazer muita conta para concluir que esse enxuto cardápio de jogadas e a falta de companheiros decisivos para Dudu não correspondem aos gastos com a montagem do time atual do Palmeiras. Está longe de ser uma equipe que coloca todos os seus recursos num craque e se vira com atletas baratos em outras posições. O Palmeiras desembolsou dinheiro suficiente para não depender de um só nome.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

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