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Opinião: é injusto trasformar amistoso em jogo decisivo para Tite

Perrone

18/11/2019 19h20

Deveria ser apenas mais um amistoso preparatório. Porém, o jogo do Brasil contra a Coreia do Sul, nesta terça, ganhou importância para Tite conquistar tranquilidade para tocar sua vida na seleção brasileira. Os cinco jogos seguidos sem vencer geraram uma série de críticas ao treinador. Sua permanência no cargo é questionada por parte da imprensa e da torcida. Na contramão desse movimento, este blogueiro considera que seria injusto um troca no comando da seleção neste momento.

Já dizia Juvenal Juvêncio, falecido ex-presidente do São Paulo, que para demitir um treinador é preciso ter um fato. Em sua última competição oficial, a Copa América, Tite levantou o caneco. Jejum de vitórias em amistosos não é um fato que force a troca de técnico em minha opinião.

O estágio atual é de fazer testes e dar oportunidades a novos jogadores pensando não só nas próximas Eliminatórias, mas já em preparar peças para a Copa de 2022. É um trabalho que na maioria das vezes não  se faz rapidamente. Se entrar numa eventual histeria coletiva pela degola de Tite, a CBF será incoerente. Teve a oportunidade de afastá-lo depois da Copa da Rússia. Naquele ponto daria oportunidade para outro profissional iniciar um trabalho longo visando o Mundial seguinte. Mudar o rumo agora seria jogar fora quase um ano e meio de trabalho.

Ainda lembrando Juvenal, ele afirmava que também já era preciso ter o nome de um substituo ao optar pela troca. Não tenho a informação de que a CBF já  saiba quem chamar no caso de Tite não aguentar o bombardeio.

Não vejo um nome que seja garantia de trabalho melhor do que o atual. A menos que a Confederação Brasileira esteja disposta e preparada para buscar um "professor" na elite europeia de clubes. Dos que atuam no Brasil, nem os badalados Jesus e Sampaoli dão essa segurança. O português trabalha faz pouco tempo com atletas locais e não tem histórico em seleções. Já o argentino foi bem com o Chile, mas não fez um trabalho de excelência em sua própria seleção. Ambos até seriam boas apostas, só não acho que a situação exija uma troca imediata. Tite tem cometido erros, mas não acredito que mereça um ponto final em sua história na seleção em plena entressafra.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.