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Opinião: Tite precisa mudar. Ataque do Flamengo serve de inspiração

Perrone

17/11/2019 04h00

Tite tem suas convicções táticas, e não é de abandoná-las facilmente. Isso mesmo pressionado como agora, depois de mais um jogo ruim da seleção brasileira na derrota por 1 a 0 para a Argentina, nesta sexta (15). Na opinião deste blogueiro, pelo menos uma dessas certezas do treinador do Brasil já deveria ter sido deixada de lado antes da Copa da Rússia. Falo do sistema em que atletas guardam suas posições no campo ofensivo já se preparando para a retomada da posse de bola.

A falta de deslocamento de meias e atacantes facilita a vida dos defensores adversários. No último Mundial, por exemplo, Neymar foi desperdiçado fixo na beirada do campo, e Gabriel Jesus foi mais incentivado a marcar do que a buscar o gol.

Os maus resultados recentes empurram o treinador da seleção para repensar seu estilo de jogo. E uma boa fonte de inspiração é o ataque do Flamengo de Jorge Jesus. Meias e atacantes trocam de posições, dão opções para quem está com a bola e confundem a marcação adversária. É comum o rubro-negro invadir a área rival com quatro jogadores, por exemplo. A chance de o adversário se atrapalhar com um ataque em massa, rápido e flutuante é maior.

O técnico da seleção já rasgou elogios ao atacante flamenguista Bruno Henrique e, certamente, não o convocou mais vezes para evitar prejudicar o time de Jesus, que briga pelos títulos do Brasileirão e da Libertadores.

Mas não basta chamar Bruno Henrique e até mesmo seu parceiro Gabigol e amarrá-los à rigidez tática de Tite. É preciso explorar suas movimentações. Rodrygo também pode ser muito útil se o treinador do Brasil resolver dar outra cara para seu ataque, com mais movimentação e velocidade.

Claro que mudar radicalmente o jeitão da equipe na frente vai exigir ajustes atrás. Tite precisará revisar o seu normalmente sólido sistema defensivo. E não creio que ele se anime com a ideia. Esse é o dilema do treinador para sobreviver no cargo. Se não deixar pelo caminho alguns conceitos e perceber que tem jogadores que podem render muito com outro estilo de jogo, ele terá séria dificuldades para se manter no cargo.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.