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Opinião: se saída de Urso é boa agora, sua contratação não foi bom negócio

Perrone

25/12/2019 11h57

A iminente venda de Júnior Urso para o Orlando City é comemorada pela direção de Corinthians como bom negócio para o clube. O entusiasmo dos cartolas chama atenção por conta do valor da operação: pouco menos de US$ 1 milhão (cerca de R$ 4 milhões). O montante pode ser considerado baixo para os padrões dos grandes clubes brasileiros.

Para se ter uma ideia disso, o alvinegro ofereceu aproximadamente R$ 6 milhões por Víctor Cantillo. Ele é o preferido para a vaga de Urso. Mas, o Junior Barranquilla pediu R$ 16 milhões, o que dificultou o negócio.

A direção corintiana alega que como Urso estava livre no mercado e não precisou pagar por seus direitos econòmicos investiu  bem em salários e luvas para espantar os concorrentes.

Se vender o volante agora por menos de cerca de R$ 4 milhões e gastar por volta de R$ 6 milhões na aquisição de um substituto (mais salários e luvas)  seria bom para o clube, o Corinthians não topou pagar alto demais para Urso quando o trouxe?

Não consigo fugir da tese de que, se a venda de Urso como foi desenhada será boa para o alvinegro, sua aquisição não foi um bom negócio. O fato de Corinthians não recusar a venda por preço de "black friday" reforça essa teoria.

Mas "ninguém segura jogador que não quer ficar", costuma dizerAndrés Sanchez. Porém, sua máxima parece valer só para os atletas corintianos. Basta lembrarmos que Luan implorou ao Grêmio para ser vendido ao Corinthians, mas a negociação foi dura. O atacante só foi vendido depois de o clube paulista se comprometer a pagar cerca de R$ 22,69 milhões à vista.

Ou seja, o alvinegro continua seguindo duas lógicas. Para seus jogadores vale o princípio de que é preciso facilitar a saída de quem não quer ficar. Já em relação aos atletas de outros times ou até mesmo sem vínculo vale o alvinegro fazer um sacrifício. Nos dois casos o esforço deve ser corintiano. Tal modo de pensar ajuda a entender porque o clube projeta déficit de cerca de R$ 144,8 milhões ao fim de 2019.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.