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Apesar de seus erros, Tiago Nunes faz trabalho promissor no Corinthians

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13/02/2020 09h36

Tiago Nunes cometeu erros que colaboraram para a eliminação do Corinthians ainda na fase de classificação para os grupos da Libertadores, na opinião deste blogueiro. Mesmo assim, mostrou um trabalho promissor.

O primeiro erro do treinador foi não assumir a equipe logo após sua contratação ser anunciada. Ele desperdiçou um tempo para conhecer os jogadores que fez falta no início de 2020.

Já segurando a prancheta alvinegra sua principal falha foi insistir com Sidcley. Ainda fora de forma, o lateral-esquerdo levou um baile no jogo de ida contra o Guaraní e teve participação importante no gol da vitória do adversário.

Parecia óbvia a entrada de Piton na lateral esquerda para a partida de volta por conta de seu desempenho superior ao do  titular, fato comprovado pelas estatísticas.

A presença de Sidcley no segundo jogo foi um problema mais pelo que Piton não teve chance de fazer fazer enquanto esteve no banco do que pelo que o titular fez até ser substituído.

O reserva poderia ter sido mais útil ao time, principalmente em termos ofensivos.

Depois do jogo, Nunes citou que precisou substituir Sidcley porque, com um jogador a menos por conta da expulsão de Pedrinho, o lateral ficou sobrecarregado e se desgastou demais.

Piton está em melhor forma física e técnica, em tese, teria se desgastado menos e produzido mais.

Outro vacilo,  foi demorar para colocar Janderson em campo. A partir da expulsão de Pedrinho, ele era a melhor opção para cavar um cartão vermelho paraguaio nas jogadas individuais. Foi o que acabou acontecendo no final do jogo.

Nunes também arriscou alto ao escalar Pedrinho, jogador com quem nunca tinha atuado e que vinha de uma competição desgastante com a seleção brasileira sub-23. Isso, porém, não teve nada a ver com a expulsão do jogador.

Na prática, a formação escolhida pelo treinador funcionou bem. Apesar da eliminação com vitória por 2 a 1 sobre o Guaraní, em Itaquera, o alvinegro mostrou estar num caminho que pode render muitos frutos.

A movimentação ofensiva, com Luan, Boselli e Love trocando de posições foi bonita de se ver e eficiente. Mostra o caminho que o treinador quer seguir.

A organização do Corinthians foi tanta que, mesmo com um a menos na maior parte do jogo, o time só levou o gol em lance de bola parada. E numa falta marcada contra Gil que gerou críticas ao árbitro não apenas por parte dos corintianos. Sálvio Spínola, comentarista do grupo Globo, por exemplo, cravou que não houve infração. O juiz Nestor Pitana ainda demonstrou falta de critérios ao advertir os jogadores. Os cartões saíam de seu bolso mais facilmente quando eram mostrados para os corintianos.

O trabalho bem feito pelo treinador em busca de uma equipe organizada fez com que o Corinthians mantivesse maior volume de jogo sem ficar exageradamente exposto aos contra-ataques, apesar da desvantagem numérica.

É preciso lembrar que Nunes está começando no clube. Estamos apenas no segundo mês do ano e ele promove uma mudança radical no estilo de jogo da equipe em relação aos últimos anos.

Irregularidade e uma dose de dificuldade por parte dos atletas para assimilar o esquema são naturais. Mas nesta quarta-feira os sinais foram positivos, apesar da queda.

Os corintianos começam a trocar passes objetivos e a procurar os espaços em campo com mais naturalidade. Isso vai ajudar os atletas a diminuírem os seus erros na tomada de decisão. Eles ainda são muitos.

A recomposição defensiva foi muito bem feita durante a vitória sobre o Guaraní, apesar das adversidades. Quando perdia a bola, o time, incluindo quem falhou, voltava rapidamente para defesa.

No ataque, além da movimentação constante, a equipe dificulta a marcação adversária abrindo o jogo pelas pontas. Essa amplitude não impede o Corinthians de agredir o rival também pelo meio da área numa alternância interessante.

Claro que não chegar à fase de grupos da Libertadores faz um estrago considerável financeiramente, esportivamente e para o torcedor nas redes sociais.

Mas há boas perspectivas pela frente. Não é o que os corintianos queriam, mas Nunes terá um calendário mais suave para aprimorar seu estilo de jogo. A tendência é de que ele monte um time forte e com capacidade para sustentar um sistema eficiente por mais de uma temporada.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.