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Opinião: São Paulo acerta ao fazer campanha para defender trabalho de Diniz

Perrone

18/02/2020 13h12

O São Paulo está em campanha pública para defender o estilo de jogo implantado por Fernando Diniz. Trata-se de comprar uma boa briga já que parte significativa da torcida contesta o treinador.

A crítica geralmente bate na tecla de que não adianta jogar bem. É preciso obter melhores resultados, taças.

Na opinião deste blogueiro, o clube está certo  em se esforçar para defender o técnico. O trabalho da diretoria é criar condições para que a comissão técnica supere dificuldades. Convencer o torcedor de que vale à pena continuar com o projeto é parte dessa função.

Prova de que a direção do São Paulo não se limita a "prestigiar" Diniz  é uma postagem feita no perfil oficial da agremiação no Twitter na última segunda-feira (17).

O texto é praticamente uma carta aberta ao torcedor tricolor com o objetivo de convencê-lo de que a manutenção de Diniz é o melhor caminho.

Diz a postagem: "Construir e ter prazer em jogar futebol. O que se treina é o que se joga. O time que cria mais e oferece menos chances é o time que está mais perto de ganhar. É a probabilidade, e vamos ficar com ela. Perseverança e persistência".

 A mensagem é acompanhada vídeo com lances em que o São Paulo troca passes desde o seu campo de defesa até chegar à área corintiana no clássico do último sábado, no Morumbi.

As jogadas mostram paciência dos atletas para encontrar espaços e sugerem um treinamento bem feito.

O clube poderia ainda ter acrescentado dados estatísticos para reforçar a tese de que não se trata de uma edição de imagens com o objetivo de criar falsa realidade.

De acordo com o site especializado em estatísticas "Footstats", o time comandado por Diniz fica, em média, com a posse de bola durante 61% de uma partida do Paulista. É a melhor marca do Estadual.

Empatado com o Corinthians, o São Paulo tem também o mais alto índice médio de acertos de passe: 93,2%.

A equipe tricolor é a que mais finalizações fez até agora no Paulista. Foram 116. Segundo colocado nesse ranking, o Palmeiras acumula 104 arremates. O índice médio de acerto de conclusões são-paulino é apenas o 6º melhor da competição (38,8%). Mesmo assim, o time do Morumbi é o que mais acerta finalizações por jogo em média. São 7,5 arremates certos por partida.

Os torcedores mais incomodados com Diniz, porém, vão me mandar enfiar toda essa numeralha no bolso. Dirão que ela de nada adianta se não for acompanhada de vitórias e títulos. E o último caneco relevante levantado pelo tricolor foi o da copa sul-americana, em 2012.

Já que o São Paulo vai bem em estatísticas importantes e o clube tem até um vídeo para defender o estilo de jogo do time, o torcedor que critica Diniz está errado? Claro que não. Só quem nunca se desesperou com seu time pode condenar um fã irritado, desde que pacífico.

Quem não pode entrar nessa é a diretoria. Pelo menos publicamente, a do São Paulo tem feito isso bem com Diniz, apesar do seu histórico de moer treinadores.

A divisão de papéis no futebol é simples e clara. A torcida pode agir mais com a emoção do que com a razão. Por sua vez dirigentes deveriam ser, nesse aspecto, frios, calculistas e profissionais, o que raramente se vê no futebol brasileiro.

Por enquanto, a direção do São Paulo age bem ao não se limitar a fazer uma defesa protocolar de Diniz.Vamos ver se isso não muda de repente.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.