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Antecipar feriado para combater vírus é como adotar torcida única em jogos

Perrone

24/05/2020 14h32

ESPECIAL NOVO CORONVÍRUS

A antecipação de feriados em São Paulo Paulo como tentativa de combate à transmissão do novo coronavírus tem lógica semelhante à adoção da torcida única em clássicos do futebol paulista e em outros locais.

As duas medidas atestam a incompetência do estado para resolver determinados problemas. Diante dessa ineficiência, são tomadas decisões esdrúxulas e paliativas. O foco principal não é atacado com eficácia.

No caso da antecipação dos feriados, é óbvio que o melhor e mais amargo remédio seria a decretação do lockdown. Mas, por algum motivo, prefeitura e governo estadual ainda não levaram a ideia adiante. Parecem adiar o inevitável enquanto o número de mortes por covid-19 avança no estado.

É impossível não  comparar com o veto a duas torcidas nos clássicos. A alternativa alivia o problema, mas não significa um passo importante para o controle da situação. Esse avanço só viria com penas mais duras para os brigões, serviço de inteligência melhor equipado para monitorar os encrenqueiros e um pacote de ações envolvendo várias esferas, estados e união. Ou seja, dá menos trabalho e requer menos investimento adotar a torcida única.

Enfrentar os criminosos disfarçados de torcedores exige coragem, também necessária para um político apontar o lockdown como estratégia para tentar conter o avanço do vírus. Afinal, quem quer assinar uma medida impopular e comprar briga com diferentes setores da sociedade?

É triste imaginar isso, mas a dificuldade de alguns prefeitos e governadores em optarem por medidas mais duras de isolamento dá margem para imaginarmos que tem gente preocupada em salvar votos, não apenas vidas.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.