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Para cartolas, MP fortalece clubes para fazerem TV respeitar naming rights

Perrone

03/07/2020 04h00

Há entre ao menos parte dos dirigentes de clubes brasileiros a avaliação de que a MP 984 fortalece agremiações para forçar a Globo e outras emissoras a,  contratualmente, respeitarem naming rights de arenas.

Historicamente, a Globo evita falar o nome de patrocinadores de estádios e de equipes.

A análise é de que, ao dar o direito de o clube mandante negociar sozinho os direitos de transmissão da partida, a MP aumenta a concorrência entre as emissoras. Isso porque não é mais preciso que os dois times tenham contrato com a mesma rede de TV. A comercialização passa a ficar menos burocrática. É viável, por exemplo, que um time resolva vender seus jogos de maneira avulsa, sem fechar um pacote.

O raciocínio é de que num cenário de mais concorrência e agilidade nas operações seja mais fácil os clubes pressionarem a Globo, por exemplo, a respeitar os naming rights. Isso usando esse simples argumento: "se você não aceitar falar o nome do patrocinador, arrumo quem fale".

Antes, isso era mais difícil porque encontrar alguém com o mesmo potencial financeiro da Globo para fechar um pacote de transmissão de um campeonato inteiro com valores semelhantes aos que a Globo se acostumou a pagar era algo raro. Teoricamente, é menos complicado encontrar uma emissora com verba para fechar com um só clube ou para jogos pontuais.

Diversas vezes, Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, culpou o fato de a Globo e outros veículos de comunicação não respeitarem naming rights por seu  clube ainda não ter negociado o nome da arena em Itaquera. Seus opositores, no entanto, contestam o argumento. Dizem que o problema é que o grupo político de Andrés não soube negocoar a propriedade comercial.

O Allianz Parque, do Palmeiras, também sofre em termos de divulgação por não ter seu nome respeitado.

Vale lembrar que a Medida Provisória precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional, apesar de estar em vigor até lá. A Globo, porém, entende que a MP não anula contratos em vigor. Esse posicionamento gerou o imbróglio que fez a emissora considerar seu contrato para transmitir o Estadual do Rio rescindido.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.