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Ata é usada para cobrar Andrés a pedir aval de conselho para naming rights

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31/08/2020 10h33

A membros de sua diretoria, Andrés Sanchez tem dito que já fechou acordo coma Hypera Pharma para a venda dos namings rights da Arena Corinthians, confirmando informação divulgada pelo UOL Esporte. Porém, conselheiros do clube questionam a autonomia do presidente para tomar tal decisão sem passar antes pelo Conselho Deliberativo alvinegro.

Não há consenso entre os integrantes do conselho sobre haver obrigação de o órgão autorizar a assinatura da venda do nome da arena antes de ela ser feita. O estatuto não diz isso expressamente.

Porém, dois pontos são levados em conta pelos que defendem que a negociação dos namings rights seja autorizada pelo conselho.

Um deles é o artigo 97. Ele aponta que entre as atribuições do Cori (Conselho de Orientação) está aprovar vendas de ativos do clube e que todas as decisões desse órgão não relativas à rotina dele devem ser referendadas pelo Conselho Deliberativo.

Aqui de novo há dúvidas. Parte dos conselheiros questiona se os naming rights se encaixam nesse artigo já que legalmente a venda é feita pelo fundo criado para viabilizar a operação que permitiu a construção do estádio. Como o o Corinthians integra o fundo com a Odebrecht, há uma corrente que entende que os naming rights estão sujeitos às regras estatutárias.

O segundo ponto apresentado pelos que defendem que o tema passe pelo conselho é um acordo para que nenhum contrato relevante da arena seja assinado sem autorização do órgão.

A ata da reunião em que o tema foi discutido, em 30 de janeiro de 2017, é usada como bala de prata pelos que pregam a obrigatoriedade de aval do conselho ao acordo.

"Qualquer contrato que implique uma assunção de obrigação, vamos dizer, não só em termos de valor, mas de comprometimento do patrimônio do Corinthians, deve passar pelo Conselho Deliberativo. Se concordarem, constaremos em ata que assim deverá ser feito com relação a estas questões", afirmou na ocasião o então presidente do órgão, Guilherme Gonçalves Strenger, de acordo com o registro da reunião. Ele falava de assuntos relativos ao estádio. Em seguida, a ata da sessão aponta que "o plenário aprovou a proposta".

Indagada pelo blog se o contrato referente aos naming rights será submetido ao Conselho Deliberativo e se existe essa obrigação, a diretoria disse, por meio de seu departamento de comunicação, que não se manifestaria sobre o assunto.

Conselheiros que entendem ser obrigatório o aval do conselho afirmam que não há uma disposição política para tentar melar o acordo.

O discurso é de que todos sabem da importância da venda do nome da arena para ajudar o Corinthians a pagar a dívida pela construção do estádio, mas alegam que a transparência é necessária para que haja segurança em relação aos benefícios da negociação para o alvinegro.

Outro ponto é o de que o crivo do conselho evitaria o risco de o novo presidente do clube alegar que houve irregularidade pela não aprovação do órgão e contestar judicialmente o acordo. A eleição presidencial está marcada para novembro. A expectativa no clube é de que a venda dos namings rights seja anunciada até terça (1°), dia em que o Corinthians comemora 110 anos.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.