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O que incomoda clubes da Série A no protocolo da CBF contra covid-19

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13/08/2020 10h48

Um clima em que se misturam dúvidas, desconfianças e temores cerca dirigentes de clubes da Séria A por conta do protocolo criado pela CBF para realizar a competição em meio à pandemia de covid-19. Abaixo veja os principais motivos de incômodo.

Adiamento de jogos

O movimento ainda é tímido, mas há entre os dirigentes quem defenda que a CBF estipule o adiamento automático de partidas em caso de contaminação em série num mesmo clube.

O Atlético-MG defende a ideia. A CBF estipularia um número de contaminados na mesma equipe a partir do qual o jogo seria adiado, independentemente de pedidos. Seriam postergadas quantas partidas fossem necessárias até os mesmos jogadores poderem voltar a atuar.

O temor é de que, se isso não acontecer, as equipes que eventualmente sofrerem surtos de covid-19 tenham grande desvantagem em campo por causa dos desfalques.

Existe também o receio de jogadores de um time terem o vírus incubado, após muitos de seus colegas serem contaminados, e jogarem com resultado negativo podendo infectar os adversários, se a partida não for adiada.

Desde antes de começar o Brasileirão, a CBF deixou claro que o calendário tem pouco espaço para remanejamento de partidas.

Testes

Problemas nos testes, como atrasos na entrega dos resultados e falha na manipulação do material coletado, estão entre os principais motivos de desconforto dos cartolas.

A CBF dispensou os clubes da obrigatoriedade de realizar os testes no Albert Einstein, hospital escolhido por ela, após as falhas na primeira rodada. Mas ainda existe clima de insegurança, principalmente por causa do grande volume de exames.

Falta de cuidados

Há desconfiança entre ao menos parte dos dirigentes das agremiações que mais investem em prevenção em relaçāo a adversários que não estariam tomando os mesmos cuidados.

Nos bastidores são feitas críticas a times que não estariam protegendo seus jogadores nos deslocamentos e nas concentrações, além de não serem cuidadosos com a orientação a eles nas folgas. Isso aumentaria o risco de uma equipe contaminar a outra, apesar dos testes.

Um exemplo de diferença nos procedimentos é em relação às viagens para os jogos fora de casa. Fretar aviões é, em tese, o procedimento mais seguro. Porém nem todos têm recursos financeiros para adotar a medida.

Red Bull Bragantino e Flamengo são clubes que já decidiram fretar voos em todas as partidas como visitante. O Çorinthians acertou fretamento para suas duas primeiras apresentações fora de casa e estuda ampliar a medida.

Já os presidentes de Fortaleza, Marcelo Paz, e Bahia, Guilherme Bellintani, afirmaram ao blog que seus times não têm condições financeiras de arcar com os voos exclusivos.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.