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'Não tenho nada contra homem. Não preciso de cota', diz advogada de Robinho

Perrone

12/10/2020 12h16

Entrevista com Marisa Alija, advogada de Robinho, contratado pelo Santos e que contesta condenação por estupro na Itália.

Como está o processo de Robinho na Itália? A condenação a nove anos de prisão foi em primeira instância? Cabe recurso? Vocês já recorreram?

Primeira instância, sim. Cabem recursos, até para se verificar se não houve injustiça e irregularidade na decisāo, como deve ser em todo caso. Sim, (o recurso) está  em tramitação.

Pelas leis da Itália em que fase do processo pode ser pedida a prisão do Robinho?

Só com a condenação definitiva ou se tiver algum perigo (fuga, interferir no caso, provas contundentes, etc.).

Existe no contrato com Santos alguma cláusula de rescisão no caso de o Robinho ser condenado em última instância ou de ser preso antes disso?

Não, mas, se isso acontecer, eles podem (rescindir) pela lei trabalhista.

Ele precisa avisar a Justiça italiana quando viaja?

Não, ele viaja para onde quiser, quando quiser, é um homem livre. Não existe qualquer medida restritiva e nem prisão pedida. As pessoas estão mal informadas ou mal intencionadas.

O que acha dos comentários que consideram a contratação de Robinho pelo Santos um desrespeito com as mulheres?

Acho que se tivesse provas no processo contra ele, se tivesse uma confissão, etc., ok, mas não é o caso. A juíza julgou com base em uma conversa de terceiros (telefônica) e porque achou "inadequado" o vocabulário dele. Não há uma prova, uma única. E me questionam como eu, mulher, defendo um homem. Eu não tenho nada contra homens, sou superbem resolvida. Estou em uma profissão dominada por homens e me destaco por pura competência, não preciso de cota para me destacar. Acho que o maior feminismo que se pode ter é esse, você competir de igual para igual com um homem e se destacar por competência, e não por ódio, cota, mostrando peitos, etc. Eu defendo Robinho porque o conheço, conheço o processo. Se eu tivesse a menor dúvida de que é inocente, eu, como mulher, jamais o defenderia.

E tem recebido críticas diretas ou ameaças por ser mulher e defender um acusado e condenado em primeira instância por estupro?

Ameaças não, mas insultos, críticas, e sempre de quem não tem nenhum conhecimento de causa. E mesmo você explicando, não querem entender. Vivemos essa cultura burra, né? As pessoas não estão abertas para debates construtivos e aprenderem, mudar de posicionamento com a verdade. Eles defendem uma ideia até o fim, mesmo demonstrando-se que existe outro lado. Parece que vão ser menos por admitirem um equívoco.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.