Assis deu corda para os dirigentes se enforcarem
Perrone
07/01/2011 18h28
"Você conversa horas com o Assis e no final não sabe exatamente o que ele quer". "É um cara muito misterioso." Nos últimos dias, ouvi frases como essas de dirigentes de Grêmio, Flamengo e Palmeiras. Todos terminavam as reuniões com o sentimento de estar perto de contratar o craque, mas sem certeza nenhuma.
Os cartolas definem Assis como um negociador frio e exigente. Frieza ele demonstrou também nas entrevistas. Deixou uma porta aberta em cada clube.
Enquanto isso, os cartolas se abriram. Ficaram expostos e soltaram a língua depois de cada encontro com Assis, animados com o que ouviam do agente. Alguns já enfrentam problemas por causa de suas declarações.
Os jogadores do Palmeiras não digeriram bem as afirmações do diretor de futebol Wlademir Pescarmona sobre o clube ter conseguido até um dinheiro extra para atender aos caprichos de Assis. Declaração nada prudente, pois atletas aguardavam o pagamento de direitos de imagem atrasados.
No Olímpico, a cada entrevista dos cartolas a torcida se inflama mais. Está certa de que Ronaldinho vestirá a camisa tricolor. Talvez tenha sido uma forma de pressionar Assis. Mas se ele fechar com outro time, a diretoria gremista também terá que administrar a frustração da torcida. O agente não pagará a conta sozinho.
E até quem não tinha se reunido com o irmão do craque tropeçou na própria língua. Andrés Sanchez apimentou as negociações ao afirmar publicamente ter R$ 1,8 milhão mensais para oferecer a Ronaldinho. Isso sem contar ações de marketing. Só que a pimenta ardeu nos olhos do próprio presidente corintiano. Conselheiros do clube agora cobram que ele use esse dinheiro para contratar três jogadores de peso, se Ronaldinho não chegar.
Por enquanto, a diretoria do Flamengo é a que abriu menos a boca. Decisão sábia. Provavelmente uma lição de quando a administração anterior falou pelos cotovelos e perdeu Ronaldo para o Corinthians.
Sobre o Autor
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.
Sobre o Blog
Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.