Rivaldo e a falta de planejamento do São Paulo
Perrone
23/01/2011 00h11
A contratação de Rivaldo pelo São Paulo foi no susto. Certamente enquanto estourava o champanhe na virada do ano, Juvenal Juvêncio nem sonhava que ele seria o camisa dez renomado desejado pelo clube.
Aconteceu a visita do craque ao vestiário tricolor, começaram os comentários, a torcida gostou, a diretoria se empolgou e negócio vingou. Foi como uma bola de neve.
Rivaldo pode dar certo no Morumbi, e boas oportunidades têm que ser aproveitadas, mas sua chegada mostra que o São Paulo começa 2011 agindo por reflexo, dependendo mais dos impulsos de seu presidente do que de um planejamento. Foi assim por exemplo com a mal resolvida efetivação de Sérgio Baresi como treinador, depois abortada.
O episódio do pré-contrato de Miranda com o Atlético de Madrid foi outra demonstração de como às vezes o clube deixa de se programar em questões básicas. Poderia ter negociado antes com o beque e feito um novo contrato com ele. Na pior das hipóteses, ganharia um dinheiro com a sua saída.
Curiosamente, sobra planejamento em temas mais distantes do time principal, como a reforma do CT de Cotia, custeada com dinheiro da Lei de Incentivo ao Esporte.
Com Rivaldo, Carpegiani ganha um jogador de qualidade para ajudar na armação e no ataque. Mas é um veterano. Será necessário alguém habilidoso e com mais gás para se revezar com ele, principalmente no Brasileirão.
Contudo, antes mesmo de chegar, Rivaldo já desempenhou um papel importante no Morumbi. Ofuscou o pré-lançamento da candidatura de Juvenal, apoiada numa brecha estatutária. Um prato cheio para os críticos do presidente, mas que esfriou graças à negociação com Rivaldo. Mas nem isso parece ter sido planejado. Tem mais jeito de coincidência.
Sobre o Autor
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.
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