Clube dos 13 cogitou vantagem de 30% para Globo
Perrone
04/03/2011 07h30
O desabafo a seguir é de Ataíde Gil Guerreiro, principal responsável no Clube dos 13 pela montagem da concorrência para a venda dos direitos de transmissão do Brasileiro.
"Meu único erro foi não ter inventado um modelo matemático, uma fórmula técnica que entregasse o contrato para a Globo sem concorrência. Alguns queriam a Globo porque acham ela o máximo. Viram que eu não sairia do modelo técnico e resolveram rachar o Clube dos 13. Fiquei desanimado com tudo isso"
Conselheiro do São Paulo, Ataíde enfrentou insinuações de Andrés Sanchez de que tentou direcionar a concorrência para a vitória da Record.
Durante a reunião que definiu as regras da concorrência, porém, houve uma movimentação que facilitaria a vida da Globo na disputa. Alguns dos participantes (ninguém revela quais) sugeriram que a emissora ganhasse mesmo se apresentasse oferta até 30% inferior que a maior. O temor de que o Cade implicasse com a cláusula fez a vantagem ser reduzida para os 10% derrubados depois pelo órgão.
A declaração de Ataíde e a manobra dos 30% são novos indícios de que havia gente disposta a colocar o contrato na mão da Globo sem abandonar o C13. E de que a concorrência foi mesmo mais fruto da vigilância do Cade do que de um lampejo de modernidade dos cartolas. Se é que alguém ainda tinha dúvidas.
Sobre o Autor
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.
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