Alvará palmeirense demora cerca de oito vezes mais do que corintiano
Perrone
27/05/2011 07h00
Em setembro de 2008, a prefeitura recebeu o projeto de reforma do Palestra Itália. No dia 6 de outubro de 2010, o prefeito Gilberto Kassab entregou a Luiz Gonzaga Belluzzo o alvará autorizando o início das obras.
Foram 25 meses e muita burocracia até que a WTorre recebesse sinal verde para trabalhar no estádio. Espera bem maior do que a enfrentada pela Odebrecht para ser autorizada a instalar o canteiro de obras no terreno de Itaquera. Isso ainda sem o alvará definitvo para a construção ter sido emitido.
O projeto do estádio corintiano foi apresentado à prefeitura oficialmente em fevereiro deste ano, segundo cartolas do clube. Na última quarta-feira, cerca de três meses depois, foi publicada a autorização. Assim, o alvará palmeirense demorou mais de oito vezes do que o corintiano para sair.
A diferença também é grande quando a comparação é entre as datas em que os conselheiros dos dois clubes aprovaram os planos. Do dia em que o Conselho Deliberativo alviverde disse sim à parceria com a WTorre até o alvará foram 28 meses. Depois, os sócios também tiveram que autorizar a obra.
No Parque São Jorge, o Cori (Conselho de Orientação) escolheu no dia 9 de setembro de 2010 fazer o estádio em Itaquera. A autorização da prefeitura para a instalação do canteiro de obras foi emitida no dia 25 de maio, pouco mais de oito meses depois.
A assessoria de imprensa da Secretaria da Habitação de São Paulo disse ao blog que não houve influência política na liberação dos alvarás. Lembrou que o do Corinthians ainda não é definitivo. E explicou que uma série de fatores tornaram mais demorado o processo do Palestra Itália. Entre eles, a decisão de moradores da região de contestar o Relatório de Impacto de Vizinhança. Enquanto isso, a população de Itaquera abraçou o estádio corintiano.
Outra justificativa é o fato de um escritório português ter tocado o projeto alviverde. Segundo a assessoria, a empresa não dominava a legislação brasileira, por isso cometeu erros. Essas falhas tiveram que ser corrigidas e atrasaram o processo. A Odebrecht domina melhor o assunto e foi mais ágil, segundo a assessoria.
Conversei também informalmente com gente da prefeitura sobre o projeto alvinegro ter andado muito mais rápido. Recebi praticamente as mesmas informações dadas pela assessoria de imprensa. Mas ouvi também que a prefeitura se sentiu pressionada a pisar mais no acelerador ao lidar com o estádio de Itaquera. Porém, sem permitir irregularidades. Isso porque o município, oficialmente, abraçou a arena corintiana como palco da Copa do Mundo e não podia correr o risco de levar a culpa por um eventual fracasso da cidade na empreitada.
Preocupante agora é saber que, mesmo com uma força-tarefa a favor, os trabalhos ainda não começaram na Zona Leste. Falta ainda algo tão desejado quanto difícil de conseguir: dinheiro para deixar o estádio como a Fifa quer para a abertura da Copa do Mundo.
Sobre o Autor
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.
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