Craque em articulações, ministro sai acusado de traição por São Paulo e CBF
Perrone
26/10/2011 18h32
Em sua gestão no ministério do Esporte, Orlando Silva Júnior revelou-se especialista em articulações políticas e até mesmo com o setor privado. Com uma agenda de eterno candidato, frequentou da concentração da seleção em Copa do Mundo a campos de várzea.
Sua capacidade de fazer amigos estendeu as fronteiras do Ministério do Esporte. E vitaminou os cofres do PC do B com doações.
A mão sempre estendida para os cartolas transformou a pasta em porta da esperança para os clubes em Brasília.
Fez tantas costuras que poderia ter sido eleito deputado federal em 2010 com certa facilidade. Acabou ficando no ministério, supostamente a pedido de Lula. Peitou até seu próprio partido para ficar no comando. Entrou num processo de fritura. Para salvar a pele, afastou-se de Ricardo Teixeira e aproximou-se de Dilma Rousseff.
Justamente quando Dilma Rousseff decidiu que ele estaria ao lado dela e de Pelé nos eventos e na própria Copa, a temperatura na frigideira subiu. Desleixado na fiscalização das ações de sua pasta, seguiu fazendo política, mas dessa vez perdendo aliados.
Agora, deixa o ministério do Esporte chamado de traidor pela CBF. Sentimento semelhante nutrem por ele os dirigentes do São Paulo. Não se esquecem de que Silva Júnior defendia o Morumbi e, de repente, virou incentivador do Itaquerão. Até assinou como testemunha no pré-contrato.
Que o ministro sairia por causa de problemas em sua pasta, dava para desconfiar. Porém, terminar sua era abandonado, após tantas amizades, alianças e tapinhas nas costas, era mais difícil de imaginar.
Sobre o Autor
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.
Sobre o Blog
Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.