Empresa de patrocinadora da CBF faz doações para bancada da bola
Perrone
25/10/2011 07h00
A Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados investiga se a CBF ou o Comitê Organizador da Copa financiaram campanhas de políticos recentemente. Nenhum dos dois aparece como doador na última eleição. Porém, pelo menos um dos patrocinadores da confederação colaborou com as campanhas de membros da bancada da bola.
A Fratelli Vita Bebidas, de propriedade da AmBev, parceira da CBF, fez doações idênticas, no valor de R$ 30 mil, para pelo menos três integrantes da bancada que tem bom trânsito na CBF.
Um dos auxiliados é José Rocha, reeleito deputado federal pelo PR da Bahia. Ele foi nomeado vice-presidente da comissão que cuida da Lei Geral da Copa na Câmara. Também é ligado ao Vitória-BA e já recebeu doação da CBF anteriormente.
Na lista dos agraciados com R$ 30 mil da Fratelli Vita também está Darcísio Perondi, candidato a Deputado Federal pelo PMDB-RS. Ele tem ligação histórica com Ricardo Teixeira e é irmão de Emídio Perondi, ex-presidente da Federação Gaúcha e ex-vice da CBF.
Completa a relação Aldo Rebelo, deputado federal pelo PC do B e que já foi um dos maiores inimigos do dirigente da confederação. Isso quando presidiu a CPI da CBF/Nike.
O conflito é página virada. Com a ajuda do ex-presidente do Palmeiras, Mustafá Contursi, Rebelo se aproximou da CBF e é considerado por colegas no Congresso como representante da bancada da bola. No PT, uma corrente defende sua nomeação para o Ministério do Esporte em substituição a Orlando Silva Júnior.
Receber a ajuda da Fratelli Bebidas não foi um privilégio só dos aliados de Teixeira. Ao todo, a empresa da AmBev colaborou em 2010 com a campanha de 40 candidatos, da oposição e da situação. Gastou R$ 3,6 milhões. Cândido Vacarezza, líder do governo na Câmara, por exemplo, recebeu R$ 200 mil.
Recentemente, ele tomou uma decisão importante para CBF. Referendou o nome de Vicente Cândido, escolhido pelo PT como relator da Lei Geral da Copa.
Pelo menos num ponto a Lei da Copa é de interesse da AmBev: a liberação da venda de cerveja nos estádios durante o Mundial. A Budweiser, marca da InBev, da qual a empresa é uma das sócias, patrocina a Fifa. A proibição seria um desastre para a parceria comercial entre a Fifa e a cervejaria. Por meio de sua assesoria de imprensa, a AmBev disse ao blog que não fez doações pensando em obter benefícios no futuro.
Confira abaixo a resposta da AmBev na íntegra.
A Ambev adota a transparência em todos os seus atos, fazendo doações que são registradas e tornadas públicas pelos tribunais eleitorais. Não privilegia partidos, regiões ou grupos políticos.
Doa quantias proporcionais à representatividade das siglas. Nossas doações são parte de nosso compromisso com a democracia e os valores estão muito abaixo dos limites legais que nos são facultados.
Sobre o Autor
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.
Sobre o Blog
Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.