CBF culpa Justiça em caso Oscar e foge de "armadilha" do Inter
Perrone
09/05/2012 06h00
Em conversas informais, a diretoria da CBF culpa a Justiça do Trabalho pelo fato de Oscar ter duas inscrições. Os cartolas da entidade sustentam que nada podem fazer diante de ordens conflitantes do Tribunal Regional do Trabalho e do Tribunal Superior do Trabalho.
A queixa principal é de que o habeas corpus obtido pelo Internacional no TST é vago e diz apenas o óbvio ao afirmar que o atleta tem o direito de escolher onde quer jogar. Teria faltado uma explicação sobre a rescisão do compromisso com o São Paulo e o pagamento da cláusula penal. A justificativa é semelhante à usada pelo time paulista em comunicado oficial sobre o caso.
Na CBF há ainda a alegação de que o habeas corpus deixa claro que o TRT tem a responsabilidade de definir sobre o vínculo entre Oscar e a equipe tricolor, reativado justamente por decisão do órgão regional.
Consultada pela Confederação Sul-Americana sobre a situação do atleta, a CBF explicou que ele tem dois registros porque as decisões do TRT-SP e do TST são contraditórias. E que ela não tem autonomia para anular o acordo entre o jogador e o São Paulo, apesar do habeas corpus, que não dá a ela esse direito.
Assim, por essa versão, a situação esdrúxula de um atleta ter contrato com dois times foi criada sem a responsabilidade da confederação.
A entidade também se recusou a orientar o Internacional sobre o que fazer. Teria havido pressão do Colorado para que fosse emitido um parecer no qual a CBF avalizasse a escalação de Oscar na Libertadores.
Porém, o temor é o de que uma opinião como essa se transforme numa armadilha. No futuro, caso fosse punido, o Inter poderia alegar que agiu com autorização da CBF.
No prédio da Barra da Tijuca, o comentário é de que na dúvida o Inter não deve utilizar o jogador, pois corre sério risco de perder pontos da partida e sofrer outras punições, se o São Paulo ganhar a briga.
Juntas, todas as pontas do imbróglio revelam uma série de pressões dos dois clubes, ora na Justiça, ora na CBF. O jogador fica no meio do sanduíche, sem ter para onde correr.
Sobre o Autor
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.
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