Receio de rebaixamento faz oposição pedir reunião para questionar direção de futebol do Santos
Perrone
13/08/2012 12h38
A proximidade do Santos com a zona de rebaixamento do Brasileirão é a justificativa de conselheiros da oposição para pedirem uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo. Querem explicações sobre contratações que consideram equivocadas e vendas que teriam enfraquecido o elenco, entre outros assuntos.
Eles afirmam já terem o número mínimo necessário de assinaturas para apresentar o requerimento e tratarão do tema nesta segunda com o presidente do Conselho, Paulo Schiff. Querem convocar o presidente Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro e todos os responsáveis pelo futebol do clube para questioná-los.
Se a reunião acontecer, os cartolas terão que falar sobre as contratações frustradas de Romarinho e Martínez, ambos no Corinthians.
Vão ser indagados também sobre a troca de Ibson por Galhardo e David Braz. A oposição entende que o elenco perdeu um jogador importante e ficou com dois de nível inferior.
Por sua vez, a diretoria avalia que foi um bom negócio, pois o clube recebeu dois jogadores mais jovens e uma quantia em dinheiro. E que a dupla deu azar por se contundir logo após chegar à Vila. Quem defende a negociação lembra ainda que Galhardo estava na lista olímpica de Mano Menezes.
Os críticos colocam no bolo até a contratação de André, feita na semana passada. Dizem que ao receber jogadores como André, Galhardo, Braz e Miralles, o Santos resolve o problema de outros times, que não queiram mais manter esses atletas.
No caso de André, o Santos estaria servindo de barriga de aluguel, algo que Laor criticava na administração de seu antecessor na presidência, Marcelo Teixeira. O lado situacionista diz que a queixa não faz sentido, já que o Santos comprou 25% dos direitos do jogador e o Atlético-MG não lucrará sozinho numa futura venda. O Galo terá que pedir autorização do time paulista para negociar André.
Miralles, autor de um gol contra o Atlético-GO, também é alvo de críticas. Os opositores alegam que ele recebe um alto salário para ser reserva. Já a tropa de choque de Laor rebate afirmando que Miralles ganha cerca de um terço dos R$ 408 mil que eram pagos a Elano, por quem ele foi trocado.
Entre os signatários do pedido de reunião há muitos conselheiros que votaram em Laor e agora estão na oposição. "Não é uma questão política, vamos discutir temas pontuais. Não podemos ficar com essa conversa de que time grande não cai. Time grande mal administrado cai", disse o conselheiro Celso Leite, que apoia o abaixo-assinado.
O Santos está na 14ª posição no Brasileirão com quatro pontos a mais do que o Palmeiras, primeiro da zona de degola.
A diretoria diz que atenderá à decisão da presidência do Conselho. Se os dirigentes forem convocados, irão à reunião.
O presidente do Conselho diz que já estava pensando em marcar uma reunião para dar a oportunidade de conselheiros discutirem assuntos relacionados ao futebol.
"Vamos conversar, eles falam que estão preocupados, argumentam que o time pode ser campeão da Libertadores e depois rebaixado. Disse para eles que o Santos vive com essa diretoria a sua melhor fase depois da era Pelé", declarou Schiff.
Sobre o Autor
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.
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