Documento de Lucas na Fifa ignora passagem pelo Corinthians, ameaçado de perder remuneração
Perrone
11/01/2013 06h00
O documento produzido pela Fifa para a transferência de Lucas não registra a passagem dele pelo Corinthians. O "passaporte do jogador", como é chamado o histórico do atleta emitido pela entidade, mostra o São Paulo como único clube dele, a partir dos 14 anos.
Dos 12 aos 14 anos não há equipes mencionadas, apesar de Lucas ter passado pelo Corinthians nesse intervalo. Deixou o Parque São Jorge aos 13 anos.
O problema para os alvinegros é que esse passaporte é o comprovante usado pela Fifa para determinar quais agremiações têm direito a receber 5% do valor das transferências internacionais. Essa fatia deve ser reservada pelos compradores para a distribuição a quem tem direito. É o chamado mecanismo de solidariedade.
No caso de Lucas, o PSG foi obrigado a separar 2,15 milhões de euros. Porém, sem ser reconhecido pela Fifa como clube formador, o Corinthians não conseguirá ao menos uma parte desse dinheiro. Na época da transferência, o clube avaliou sua parte em cerca de R$ 300 mil.
Para elaborar o documento, a Fifa reúne informações passadas pelas confederações dos países em que atuou o jogador. No caso do Brasil, as federações municiam a CBF.
Como já escrevi aqui, Lucas não chegou a disputar uma competição da Federação Paulista ou da CBF com a camisa do Corinthians. Atuou em partidas de futsal e de uma competição da Associação Paulista de Futebol de campo. Jogos por essa entidade não servem para a Fifa.
Luiz Alberto Bussab, diretor de negócios jurídicos do Corinthians, afirmou ao blog que o clube contratou um escritório de advocacia para tentar comprovar a passagem de Lucas pelo Parque São Jorge. Até entrevistas do jogador falando sobre o ex-clube devem ser usadas.
O alvinegro tem 18 meses a partir da data da transferência para tentar reverter a situação. Depois disso, a CBF poderá pleitear a quantia referente ao período em que Lucas tinha entre 12 e 14 anos.
Sobre o Autor
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.
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