Com torcida vetada, Corinthians dá carona para 'conselheiro-torcedor' na Colômbia
Perrone
04/04/2013 06h00
Imagem exibida pela Band mostra o conselheiro Manoel Evangelista, o Mané da Carne, descendo do ônibus do Corinthians no último treino do time antes do jogo com o Millonarios, já na Colômbia.
Indagada pelo blog, a assessoria de imprensa do clube respondeu que ele não chefiava a delegação e nem fazia parte da relação da comitiva oficial. Pagou passagens e estadia do próprio bolso. Ou seja, como faria qualquer torcedor. Apenas pegou uma carona no ônibus que transportava os jogadores para o treinamento.
Mas o Corinthians e seus adversários estão proibidos de vender ingressos para os torcedores alvinegros em partidas fora do Brasil pela Libertadores. Isso por conta da morte do boliviano Kelvin Douglas Beltran.
O blog telefonou durante a partida para Mané da Carne a fim de indagar se ele entrou no estádio, mas o conselheiro estava com seu celular desligado.
Mesmo sem a confirmação de sua entrada, o caso já causa preocupação no Parque São Jorge. "Se ele não foi para assistir ao jogo, viajou com qual objetivo? De qualquer forma, o Corinthians não poderia ter dado carona para um torcedor na Colômbia sabendo que a nossa torcida está proibida de entrar no estádio. Se o presidente não sabia da presença do Mané, deveria afastar imediatamente o chefe da delegação, antes que o clube seja punido pela acusação de colocar um torcedor no estádio", disse Romeu Tuma Júnior, conselheiro da oposição e delegado.
Segundo a assessoria de imprensa, Duílio Monteiro Alves, diretor de futebol, chefiou a delegação na Colômbia.
"Deixaram o Corinthians numa situação difícil. Se os ingressos não foram vendidos para nossa torcida, ele viajou confiando que entraria com a nossa delegação. Isso burlaria a punição aplicada pela Conmebol. Não quero que o clube seja punido, mas alguém foi irresponsável", completou Tuma. Ele pretende pedir no Conselho Deliberativo explicações sobre o episódio.
Mário Gobbi, presidente corintiano, não viajou para a Colômbia, pois estava em Brasília conversando com o Governo Federal sobre a situação dos 12 corintianos presos na Bolívia.
A presença de Mané no ônibus já havia provocado queixas de conselheiros que consideraram a atitude privilégio e desrespeito à privacidade dos atletas.
Sobre o Autor
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.
Sobre o Blog
Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.