Após vender Neymar, Santos não evita déficit e economiza até em ônibus
Perrone
10/10/2013 06h00
Pouco mais de quatro meses após a venda milionária de Neymar para o Barcelona, o Santos vive um período de vacas magras. Apesar da negociação do craque, o clube prevê que irá fechar o ano no vermelho. Por isso, demite funcionários e corta despesas em quase todos os setores.
Pequena parte da economia foi feita com a decisão de trocar o ônibus do time por um alugado. "O nosso veículo precisava de uma reforma. Fizemos o orçamento e ficaria caro. Percebemos que alugar um sairia mais barato, já que você não tem que pagar gasolina e motorista. Temos um ônibus mais moderno e sem ter que investir nele. Mas economia não foi o único motivo. Os jogadores ficam mais seguros no ônibus alugado quando passam por torcidas adversárias porque ele não é identificado", disse ao blog Odílio Rodrigues, presidente em exercício do clube.
Ele também explicou o sufoco financeiro depois da venda de um dos maiores jogadores da história santista. "Vendemos o Neymar, mas estamos sem um patrocinador master. Isso é como abdicar de R$ 22 milhões. Além disso, a arrecadação que obtivemos em 2012 não vai se repetir, foi algo incomum no futebol brasileiro", declarou.
No ano passado, a receita santista foi de R$ 197,8 milhões. Só os patrocínios na camisa renderam R$ 50 milhões. O superávit foi de R$ 14,6 milhões.
Segundo Odílio, a previsão orçamentária feita para 2013 já calculava um déficit entre R$ 10milhões e R$ 15 milhões no final do ano. O cartola diz que o estrago não deve passar disso.
Porém, balancete publicado no site do clube mostra que em março o déficit já era de R$ 9,1 milhões. Segundo conselheiros do clube, a previsão é de que esse número supere os R$ 30 milhões em dezembro.
De acordo com Odílio, o Santos segue uma reestruturação administrativa prevista num estudo encomendado à empresa KPMG e que enxuga as despesas. "Estamos cortando alguns cargos e acumulando algumas funções na mesma gerência. Só no departamento jurídico conseguimos uma economia de R$ 70 mil reais por mês terceirizando os serviços".
Ele nega que os cortes façam o clube perder qualidade em seus departamentos. "Estamos cortando despesas, mas pensando sempre na profissionalização as áreas. Buscamos também a qualificação."
O dirigente disse não saber de cabeça quantas demissões já foram feitas e afirmou que não existe um número determinado de dispensas.
Conselheiros críticos da administração afirmam que o clube economiza no cafezinho mas gasta sem necessidade no futebol. Citam o contrato feito com Marcos Assunção, que ganha mais do que parte dos titulares, mas foi pouco aproveitado até agora.
Sobre o Autor
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.
Sobre o Blog
Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.