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Antes motivo de temor, organização da Copa vira escudo da seleção

Perrone

13/07/2014 01h30

Antes de a Copa do Mundo começar, a seleção brasileira era vista por integrantes do Governo Federal como um antídoto para a onda de protestos contra os gastos públicos com a realização do Mundial no país. A conquista do hexacampeonato poderia baixar a temperatura nas ruas.

Porém, a Copa decolou e o Governo Federal escapou de ter que explicar grandes vexames. Ao mesmo tempo, a seleção brasileira afundou. Terminou a competição amargando a sua pior derrota na história: a goleada de 7 a 1 para a Alemanha nas semifinais. Na disputa pelo terceiro lugar, o Brasil perdeu de 3 a 0 da Holanda e encerrou sua participação com o maior número de gols que já sofreu numa edição do Mundial: 14 em sete partidas, média de dois por jogo.

Imediatamente após a derrota para os holandeses neste sábado ficou escancarado que agora é a vez de a organização do Mundial servir de escudo para a seleção. Em sua entrevista coletiva, ao ser indagado sobre sua análise em relação à Copa do Mundo, Luiz Felipe Scolari afirmou que o Mundial foi excelente. O técnico se referia à competição, sua organização e a maneira como os visitantes foram recebidos. Só depois entrou nos detalhes sobre a seleção.

Em seguida, foi a vez de o lateral Marcelo elogiar a organização da Copa do Mundo no país, afirmando que ela superou desconfianças.

Neste domingo, será a vez de Dilma Rousseff aproveitar o fato de o Mundial ter superado problemas como atrasos na construção de estádios e na reforma de aeroportos, além de obras de mobilidade urbana terem sido canceladas.

Dilma volta a aparecer num estádio depois de ser xingada na abertura da Copa no Itaquerão. Ela vai entregar o troféu ao campeão no Maracanã. A avaliação de parlamentares do PT é de que ela não escapará de vaias no Maracanã. Mesmo assim, o gesto de entregar a taça é visto no partido como fundamental. É uma forma de a presidente, que será candidata à reeleição, ligar sua imagem e a do Governo Federal ao Mundial que deu certo, apesar de problemas como a invasão de torcedores chilenos ao Maracanã na primeira fase.

A seleção brasileira gora fica em segundo plano para os governistas. O esforço é evitar que o vexame do time contamine a disputa eleitoral.

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Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.


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