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Ao insinuar complô contra Brasil, Felipão repete discurso usado em clubes

Perrone

03/07/2014 01h30

Em meio à crise enfrentada pela seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari reforçou seus ataques à arbitragem no Mundial. E insinuou a existência de um complô contra a seleção brasileira na Copa do Mundo. O discurso é semelhante ao adotado pelo treinador em momentos adversos nos clubes que ele dirigiu.

"Se vamos ser campeões, eu não sei. Se não querem, tudo bem. Mas a arbitragem tem de ser igual para todo mundo. Se existe algum complô, e eu não estou dizendo que existe, esse complô é contra o Brasil. Está incomodando alguém que a gente seja hexacampeão", disparou o treinador após a vitória nos pênaltis sobre o Chile, nas oitavas de final.

Ao ouvir o técnico falar em complô contra sua seleção, impossível não lembrar de algumas queixas semelhantes quando ele treinava o Palmeiras. Em 2011, por exemplo, após uma derrota no Brasileirão por 2 a 1 para o Atlético-M/G, ele soltou: "O Palmeiras pensa que vamos ganhar jogando só em campo, mas estão ganhando de nós fora de campo". O alviverde terminou o Nacional na 11ª posição.

No mesmo ano, no Campeonato Paulista, após ser eliminado nas semifinais pelo Corinthians, Felipão afirmou após o jogo: "O Corinthians escolheu o campo, escolheu o juiz, jogou com onze contra dez e precisou dos pênaltis. É natural, foi premeditado. Ele tem um dossiê de erros contra o Palmeiras". O técnico se referia ao árbitro Paulo César de Oliveira. Felipão insinuou que o sorteio que definiu o juiz da partida foi armado. Não é demais lembrar que o ataque foi na direção de Marco Polo Del Nero, presidente da Federação Paulista e hoje vice da CBF. Ele foi um dos responsáveis pela contratação de Scolari para dirigir a seleção brasileira.

Em 2012, Felipão voltou a sugerir favorecimento ao Cointhians após derrota do Palmeiras para o Santos por 2 a 1 no Brasileirão. "Eles têm que definir se vão só prejudicar a, b ou c. Basta prejudicar uma vez um time, muda tudo. Quando prejudica dez vezes o Palmeiras, não muda nada". Na ocasião a CBF, para quem Felipão trabalha hoje, havia trocado o comando da arbitragem após erro contra o alvinegro.

Em todas essas situações, as queixas do técnico ganharam no noticiário espaço que provavelmente seria dedicado aos defeitos apresentados pelos times de Felipão.

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Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.


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