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Juvenal diz que acordou São Paulo ao reagir a críticas de Aidar

Perrone

18/09/2014 06h00

Nesta quarta, Juvenal Juvêncio telefonou para o blog após a publicação de post sobre a cúpula do São Paulo querer abrir o que chama de caixa preta das categorias de base depois de sua sua demissão da direção de futebol amador. Leia abaixo os principais trechos do que era uma reclamação e virou entrevista.

Juvenal Juvêncio – Por que você está puxando o saco do Carlos Miguel Aidar [presidente do clube]? Virou chapa branca? Você  não fala que ele tem três carros [para usar no clube, um de patrocinador vinculado à CBF, outro de patrocinador vinculado à FPF e um do São Paulo].

Blog – Como estou puxando o saco se publiquei isso e escrevi que ele indicou o ex-motorista particular dele para trabalhar no São Paulo?

Juvenal – Publicou, mas minimizou, tem que dar ênfase, as pessoas precisam saber. Ele gosta de dirigir, gosta de barco, não gosta de futebol. Dei duas credenciais para ele ir aos jogos [antes de ser presidente]. Ele ia para a praia. Ele pagava o motorista particular dele, agora quem paga é o clube. É isso que você tem que falar. Não fazer insinuações de que tem coisa errada na base.

Blog – Não insinuei. Escrevi que a diretoria afirma que o empresário Joseph Lee ganhou comissão na venda do Lucas Evangelista [por formação e desenvolvimento, mas ele foi formado no clube].

Juvenal – Lee ganhou comissão porque ajudou a trazer Rhodolfo (zagueiro) e Cortez (lateral). Ele pôs 1 milhão de euros e ficou de ter uma participação em outros jogadores para compensar o prejuízo que teve. Não ganhou nada com Cortez [hoje no Criciúma] e Rhodolfo [trocado por Souza] do Grêmio. Como faz? É um parceiro importante, fica a ver navios? Foi isso que aconteceu. Respeito a sua pena, mas você tem que me respeitar, não tergiverse sobre o que eu falo. Pare de ficar ouvindo tanto o Aidar. Ele fez tratamento que afetou os neurônios dele, precisa parar o tratamento, disse isso pra ele. Agora, o Aidar comeu pudim e gostou [em relação a experimentar a presidência]. Mas está com os dias contados. Tem prazo de validade, vai ficar dois anos e meio [até o fim do mandato] e vai embora [sem se reeleger].

Blog – Por quê?

Juvenal – Por que eu acordei o São Paulo. Mostrei o que está acontecendo, o que ele queria fazer não vai fazer mais [depois de ser demitido, Juvenal afirmou que Aidar planejava demitir Muricy Ramalho no final do ano, mas o presidente nega essa intenção]. Na reunião do Conselho Deliberativo, dia 13 [de outubro], ele queria aprovar o projeto da cobertura, iria aprovar um pacotão com outras coisas, mas agora já está falando que vai ser só uma consulta. Disse pra mim que colocaria em votação por um sistema que não precisa do quórum de 75% para aprovar a cobertura [por causa dessa exigência o projeto não foi votado na gestão de Juvenal. A oposição boicotou a reunião].

Blog – Mas o senhor vai votar ou boicotar?

Juvenal – Sou o primeiro a querer a cobertura, mas quero ver tudo, conhecer todos os detalhes. E os 75% têm que valer pra ele também. Eu não quero guerra. Ele veio dizer que falei da filha dele [Mariana Aidar, ex-assessora do atual presidente]. Não falei nada, não sou de coisas pequenas. Ele demitiu duas moças porque disse que são minhas amigas. Demitiu o Gilberto, um sacrossanto que cuidava dos nossos gramados, porque que é meu amigo. Saí da presidência e fiquei cinco meses sem falar com jornalistas. Ele foi e deu uma entrevista para a Folha de S.Paulo que foi um desastre. Veio falar que vendeu 20 carros [do clube para cortar gastos e mordomias a cartolas], vendeu nada. Isso era um acordo com a Volkswagen e que acabou. Os carros foram devolvidos [ao blog, Aidar disse não saber sobre essa situação]. Ele pagou o Alan Kardec com dinheiro que eu deixei no caixa porque peguei R$ 50 milhões na Globo. Ele tentou pegar R$ 25 milhões na Globo, não conseguiu, não deram, não vão dar. Você vai perguntar pra ele, e ele vai dizer que é mentira. Aí você não publica, sei como funcionam as coisas.

Blog – O senhor sabe como funciona o jornalismo, sabe que é preciso ouvir os dois lados [indagado pelo blog, Aidar negou a tentativa de levantar o dinheiro com a emissora].

Juvenal – Não me goze que eu também te gozo. Você quando trabalhava na revista "Placar" recebeu uma denúncia contra a base do São Paulo, procurou, procurou e não achou nada. Saiu uma matéria chocha, porque não tem nada errado lá. Pare de ficar falando do Geraldo [Oliveira, funcionário do CT das categorias de base, em Cotia, também demitido por Aidar].

Blog – Mas muita gente reclamava do Geraldo.

Juvenal – Falam porque ele não deixava ninguém entrar lá, tocava aquilo num regime militar, vai ver se diretor entrava lá. Tem um dirigente de clube que me falou que não consegue controlar as categorias de base dele. Em Cotia não tem escândalo, sacana não entra lá. Tem pai de jogador com porcentagem de atleta? Tem. Como não vai ter? O pai fala: 'quero', e você tem que dar.

Após 36 minutos, Juvenal avisou que encerraria a conversa.

Blog – Tudo que nós conversamos pode ser publicado?

Juvenal – Você gravou tudo? Tem que gravar e publicar. Abraço.

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Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.


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