Aidar não se arrepende de vendas de atletas após 'descobrir' dívida menor
Perrone
05/09/2015 06h00
Depois de encerrada a janela de transferências para o mercado europeu, Carlos Miguel Aidar disse que tinha calculado errado a dívida do São Paulo. Após promover um desmanche no time, o cartola afirmou que o débito não é de R$ 270 milhões, como chegou a falar, mas de R$ 137 milhões.
Ou se seja, enquanto vendia jogadores em busca de um alívio financeiro e desagradava ao técnico Juan Carlos Osório, o clube devia bem menos do que seu presidente imaginava. O enfraquecimento do time fortaleceu os cofres em R$ 53,4 milhões. O que dizer agora ao treinador, que perdeu oito jogadores desde a sua chegada? Se a diretoria soubesse o valor exato do débito não seria necessário aceitar todas as propostas que vieram do exterior? O técnico poderia ter um time mais robusto para brigar pelo Brasileiro e pela Copa do Brasil?
Segundo Aidar, a dívida menor não teria diminuído a necessidade de vender jogadores. "Nada a ver. São oportunidades (as vendas)", disse o dirigente ao blog por mensagem via celular.
Horas antes, ele havia dito, em entrevista coletiva, que foi induzido a erro ao calcular uma dívida maior. E quem induziu o presidente? "Fui induzido porque confundiu necessidade futura de caixa com dívida. A dívida é de R$ 137 milhões, toda bancária. Isso explica a diferença", respondeu o dirigente.
A inusitada declaração admitindo que o débito não é tão grande quanto ele mesmo havia dito, provocou a reação imediata de Juvenal Juvêncio, que lançou Aidar para a presidência, mas hoje é seu principal opositor. "Essa entrevista foi a constatação do mais absoluto descrédito da gestão desse sujeito", disse o ex-presidente a pessoas próximas. Carlos Miguel não comentou a afirmação.
O rompimento dos dois aconteceu em setembro do ano passado depois de Aidar atacar numa entrevista para a Folha de S. Paulo a gestão de seu antecessor. O principal motivo foi justamente a grave situação financeira.
Sobre o Autor
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.
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