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Para rivais, dinheiro da Globo pode deixar Corinthians imbatível

Perrone

09/11/2015 08h37

Desde que a Globo ofereceu renovar antecipadamente o contrato de transmissão dos jogos do Brasileirão por mais dois anos, até 2020, adversários de Corinthians e Flamengo se mobilizam para diminuir a diferença de suas cotas em relação aos dois clubes mais bem pagos.

A preocupação maior é com os corintianos. Para os rivais, com uma nova injeção de dinheiro da TV o alvinegro pode se tornar inatingível em campo. Porém, enquanto os adversários discutem estratégias, o presidente corintiano esteve na sede da Globo em São Paulo, na última sexta, e avançou na negociação.

Santos, Atlético-MG e Grêmio estão entre os times que defendem a união dos times para tentar diminuir o poder de Corinthians e Flamengo. Hoje, os acordos são feitos de maneira individual.

"Se você pegar o que o Corinthians vai receber da Globo com o contrato do Campeonato Paulista, o Brasileiro e o pay-per-view, eles vão ganhar uma quantia maior que o orçamento de todos os outros clubes. Isso vai criar uma distorção absurda. Se eles forem competentes, ninguém mais os alcança", disse Romildo Bolzan Júnior, presidente do Grêmio.

"Fizemos um cálculo, em dez anos, a diferença de receita entre Corinthians e Atlético contando o dinheiro da TV e da Caixa, se eles mantiverem o patrocino, vai chegar a R$ 1 bilhão. Vai dizer que isso não provoca uma diferença técnica? Precisamos encontrar uma forma mais justa de dividir o dinheiro da TV, ou vai chegar uma hora em que Corinthians e Flamengo vão jogar sozinhos. Não questiono o valor da cota deles, mas acho que o que recebemos hoje não é justo", afirmou Daniel Nepomuceno, presidente do Atlético-MG.

Por sua vez, a diretoria do Corinthians tem uma solução surpreendente para uma divisão de cotas mais equilibrada. O clube acenou para a Globo que aceitaria ganhar a mesma cota que os demais times do Brasileirão, desde que os 20 times do campeonato tivessem o mesmo número de jogos transmitidos na TV aberta. Dessa forma, o grosso da receita viria do pay-per-view. Mas essa fórmula nem chegou a ser considerada pela emissora.

Os corintianos negam que o dinheiro da Globo possa gerar uma distorção técnica no Brasileirão, liderado neste momento com folga pelo alvinegro. "Não é uma questão de quanto você recebe, é uma questão de gestão. Se você ganha muito e não administra bem, não vai ser campeão. Nossa gestão foi boa, e estamos liderando o campeonato", disse Emerson Piovezan, diretor financeiro corintiano.

Os adversários de Corinthians e Flamengo ainda não têm uma proposta definida para modificar a divisão das cotas, mas alguns cartolas têm sugestões. "O critério de desempenho no campeonato tem que ser aumentado. O ideal seria dividir 50% da cota de maneira igual, 25% de acordo com o desempenho e 25% conforme a capacidade de cada um no pay-per-view", sugere o presidente do Atlético-MG.

"O critério comercial não pode ser o principal fator porque gera uma distorção muito grande. O campeonato acaba ficando sem graça. Defendo que parte do dinheiro seja dividida de acordo com o desempenho de cada clube nos últimos cinco anos", disse o presidente do Grêmio.

Mas o gremista não está em campanha só para diminuir a diferença do que seu clube ganha em relação a Flamengo e Corinthians. "O Grêmio está na mesma faixa de cota que Atlético-MG, Fluminense, Internacional e Cruzeiro. Acima de nós estão Palmeiras, São Paulo, Santos e Vasco. Não vejo diferença técnica entre nós e eles que justifique essa situação", declarou Bolzan.

O gremista concorda com a proposta do Atlético-MG de reunir os clubes de cada faixa de cota para discutir com a Globo e renovação do contrato, que terminaria em 2018.

Modesto Roma Júnior, presidente do Santos, defende conversas entre todos os clubes. "Ninguém discute os méritos de Corinthians e Flamengo para receberem o que recebem. Mas precisamos discutir uma fórmula melhor para todos porque ninguém joga sozinho", afirmou Modesto.

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Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.


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