Turner diz a clubes que paga cerca de 9 vezes mais que Globo por TV fechada
Perrone
27/01/2016 16h46
Nas negociações com clubes por direitos de transmissão de jogos do Brasileirão, a Turner, dona do canal Esporte Interativo, tem insistido para os cartolas compararem sua oferta só com o que a Globo paga pela exibição das partidas em TV fechada. Isso porque ela calcula que sua proposta para esse produto equivale a um valor nove vezes superior ao que a Globo desembolsa.
A Turner só tem interesse na TV fechada e ofereceu cerca de R$550 milhões para serem divididos entre os 20 clubes da Série A, mas sete já assinaram com a Globo. De acordo com números apresentados durante as reuniões, a Globo paga nessa modalidade aproximadamente de R$ 60 milhões rachados entre os clubes. Os valores variam conforme o time.
Acontece que, contando também TV aberta e pay-per-view, a Globo investe pouco mais de R$ 1,3 bilhão no contrato. A oferta inicial da emissora para renovar o acordo, que termina em 2018, previa uma redução nos valores.
Atraídos pela proposta da Turner, os clubes que ainda não assinaram com a Globo temem ficar sem ter para quem vender os direitos para TV aberta se selarem acordo com o Esporte Interativo. Acreditam que a Globo, como retaliação, poderia não comprar os jogos.
Assim, a Turner se comprometeu a adquirir também os direitos para TV aberta caso eles não sejam comercializados até o início de 2019, quando começaria o novo contrato, com validade de seis anos. Nesse caso, tentaria repassar as partidas para outra emissora.
Com TV fechada e aberta, a Turner gastaria cerca de R$ 750 milhões, pouco mais da metade do total gasto pela Globo. Porém, nas reuniões com os cartolas, os executivos da Turner argumentam que, como a Globo já assinou com parte dos clubes, não será tão fácil ela descartar quem tiver compromisso com a concorrente em canal fechado. O campeonato completo é mais valioso do que sem todos os clubes.
Por sua vez, a Turner quer no mínimo oito times. Santos, Fluminense, Grêmio, Internacional, Coritiba, Atlético-PR e Bahia conversam com a empresa desde a primeira reunião promovida por ela.
A companhia já topou dividir o bolo da seguinte forma: 50% de maneira igual, 25% pela audiência e 25% conforme o desempenho esportivo.
Sobre o Autor
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.
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