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Abilio Diniz x Leco. A nova crise política no São Paulo

Perrone

16/02/2016 06h00

Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, presidente do São Paulo, e o empresário Abilio Diniz, ex-aliados, nem se falam mais. Um rápido processo de desgaste que passa pelo ex-coordenador técnico Milton Cruz e pela contratação de Edgardo Bauza, acabou com a aliança entre os dois, que estavam no mesmo lado da trincheira contra Carlos Miguel Aidar. O ex-presidente renunciou em outubro.

O rompimento gera mais turbulência na já tumultuada política tricolor. Para Leco, Abilio quer mandar no clube. Já o empresário acredita que o presidente não cumpre a promessa de profissionalizar o São Paulo e de dar mais transparência à gestão.

O primeiro arranhão no relacionamento entre o empresário e a nova diretoria aconteceu logo que Leco recontratou o CEO Alexandre Bourgeois, apoiado por Abilio, e o demitiu em seguida.

Porém, é outro o personagem mais importante para a nova crise são-paulina ser entendida: Milton Cruz.

Abilio sugeriu que Milton fosse efetivado como treinador no final do ano. Leco não gostou da ideia. O empresário, então, indicou Jorginho e pediu para participar de uma eventual conversa da diretoria com o vascaíno, se a contratação fosse tentada. O presidente avaliou o desejo de participar das conversas com um treinador pretendido como intromissão na administração. Abilio por sua vez, afirmou na ocasião que só queria ajudar o presidente a avaliar o perfil de Jorginho, que foi descartado.

Abilio e Leco ainda conversaram sobre outros nomes, como o de Marcelo Bielsa. O empresário entendeu que o presidente não contrataria ninguém sem ouvir sua opinião, mas soube pelos jornais que Edgardo Bauza tinha sido contratado. Só não romperam de vez ali porque um amigo em comum tratou de colocar panos quentes.

Mas outra ferida foi aberta. Abilio ficou descontente com o afastamento de Milton do cargo de coordenador técnico para cuidar das análises de desempenho do clube. Numa conversa dura, em seu escritório, disse a Gustavo Vieira de Oliveira, executivo de futebol do São Paulo, que ele e Ataide Gil Guerreiro, vice de futebol, estavam fritando Milton, com quem o empresário tem relação estreita.

Revoltado por entender que Milton foi injustiçado, Abilio, consultor do conselho consultivo são-paulino, se queixou com Leco. Afirmou que Gustavo e Ataide não entendem de futebol. O presidente se esquentou e disse que não admitiria que o empresário falasse daquele jeito de seus diretores.

Desde então, os dois pararam de conversar, apesar de Abilio ter mandado uma mensagem de aniversário para o cartola.

Nos bastidores do clube, o presidente passou a dizer que o empresário quer Milton na comissão técnica para não perder sua fonte de informações no departamento de futebol e tentar exercer influência.

Do outro lado, Abilio tem se defendido dizendo a quem o indaga sobre o assunto que nunca quis ter poder no clube, só tenta ajudar.

Na semana passada, um novo episódio agitou o Morumbi. Em seu blog no UOL Esporte, o empresário criticou a diretoria de futebol afirmando que ela dificulta a auditoria feita pela consultoria McKinsey no departamento e paga por Abilio.

A direção nega que tenham sido colocados obstáculos e afirma que todos documentos solicitados foram entregues. A cúpula são-paulina encarou a afirmação como uma tentativa de atingir a administração em retaliação à mudança de cargo de Milton e ao fato de o empresário não estar mais sendo ouvido antes da tomada de decisões.

O blog procurou os dois desafetos. Abilio disse que não daria entrevista. No final da manhã desta segunda, o presidente chegou a responder a algumas perguntas, mas, no início da noite pediu, por meio de sua assessoria de imprensa, que as respostas não fossem publicadas.

A seus diretores, no entanto, Leco tem dito que prefere ir para casa a ter que consultar Abilio sobre questões cruciais para a administração. Crê que não estaria à altura do cargo se fizesse isso.

Enquanto isso, o empresário faz uma nova cruzada com conselheiros para pedir profissionalismo e transparência à diretoria, como havia feito durante a era Aidar.

Um novo round está marcado para o próximo dia 23, quando o Conselho Deliberativo se reúne para, entre outros assuntos, decidir se referenda acordo do São Paulo com a Globo para renovar o contrato de transmissão de jogos do time no Brasileirão. Abilio foi convidado para falar aos conselheiros. Isso significa previsão de novas trovoadas no Morumbi.

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Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.


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