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Pela conta de gestor, agora só milagre faz Arena Corinthians pagar parcela

Perrone

04/04/2016 11h57

O Corinthians não conseguiu vender os naming rights de sua arena até o final de março como esperava. Agora, só um "milagre inerente" é capaz de fazer com que seja paga parcela de aproximadamente R$ 5,7 milhões para a Caixa Econômica referente ao empréstimo de R$ 400 milhões feito junto ao BNDES para bancar parte da obra. A expressão "milagre inerente" está entre aspas porque foi usada por Rodrigo Cavalcante, diretor do BRL Trust, que administra o fundo contolador do estádio corintiano, em reunião do Conselho Deliberativo do clube no último dia 7.

"Então, março é risco de default (não conseguir pagar a parcela), a não ser que aconteça (a venda dos) um naming rights ou aconteça algum milagre inerente", disse Cavalcante na reunião ao responder à pergunta do Conselheiro Tomas Lico Martins.

Indagado pelo blog sobre o assunto, Emerson Piovezan, diretor financeiro alvinegro, pintou um quadro menos dramático. "A próxima parcela vence em 15 de abril. Esperamos que até lá a gente consiga a nova carência de 19 meses para o pagamento que estamos pedindo. Se não conseguirmos, vamos atrás do dinheiro para pagar. Os naming rights não têm nada a ver com esse pagamento", declarou o dirigente.

O clube pede a carência por entender que teve menos tempo para começar a pagar a conta em relação aos outros estádios da Copa do Mundo.

Cavalcante, por sua vez, não atendeu ao blog.

Se as parcelas do financiamento de R$ 400 milhões não forem pagas, a Caixa poderá executar as garantias dadas pela Odebrecht, segundo explicou o representante da construtora no encontro.

De acordo com ele, os terrenos do Parque São Jorge garantem outro empréstimo feito junto à Caixa.

Na mesma reunião, o diretor da BRL Trust e Ricardo Corrégio, da Odebrecht, apontaram como um dos principais problemas do estádio o alto custo de manutenção e operação, cerca de R$ 2,7 milhões por mês. Rodrigo disse que clube e fundo já pensaram até em utilizar trabalho voluntário para diminuir os custos. Entre outras medidas de redução de despesas estão corte de gastos com energia elétrica, renegociação do seguro do estádio e suspensão dos ingressos de cortesia dados a conselheiros, já que o clube tem que pagar ao fundo pelos bilhetes.

A demora na venda dos naming rights e a mudança do cenário econômico do pais em relação à época em que o projeto comercial da arena foi feito foram outras explicações dadas para o aperto financeiro.

O ex-presidente Andrés Sanchez, também participou da reunião e apontou a baixa ocupação na parte mais cara do setor oeste, como complicador.

"Quem está, e eu tenho que assumir isso, pagando o estádio é a classe média e a classe baixa: é o (setor) norte, o sul, o leste em baixo e o oeste em cima. Os ditos ricos, que o projeto do plano era (de) aluguéis e cadeiras, que eu acho que são oito, nove mil cadeiras, e os camarotes, as vendas estão irrisórias", afirmou Sanchez aos conselheiros.

Abaixo, veja trechos da ata da reunião.

Trecho em que representante do fundo fala em milagre

 

 

Representante do fundo explica empréstimos para a construção da arena

Rodrigo Cavalcante mostra o desempenho financeiro da arena

 

Representante da Odebrecht explica as garantias dadas para a Caixa

Representante do fundo relata o que já foi pago para a Odebrecht, contando o uso de R$ 400 milhões que vieram do BNDES

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Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.


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