Veja o que quatro conselheiros do Corinthians têm a ver com a Lava Jato
Perrone
11/04/2016 10h15
Entre os mais de 250 conselheiros do Corinthians, quatro têm alguma relação com a operação Lava Jato. A situação é reflexo da aproximação do clube com o PT, que começou ainda na administração Alberto Dualib. Claro que isso não significa suspeita de atos irregulares por parte do clube. Veja abaixo quem são os quatro conselheiros.
Lula – Alvo mais ilustre da Lava Jato, ele foi indicado para ser conselheiro vitalício quando ainda era presidente da República, em 2003. Na ocasião, o presidente do clube (Alberto Dualib) podia indicar quem ocuparia o cargo. Não havia votação como hoje. O petista foi importante para convencer a Odebrecht a construir o estádio corintiano, como ele mesmo chegou a admitir em discurso no Parque São Jorge. Mas, desde que foi nomeado, nunca compareceu a uma reunião do Conselho Deliberativo. A informação é confirmada por Guilherme Gonçalves Strenger atual presidente do órgão. Conselheiros vitalícios podem perder o cargo se faltarem a cinco sessões seguidas ou a dez alternadas sem apresentar justificativas. Strenger não soube dizer se todas as ausências de Lula foram justificadas.
Luiz Paulo Teixeira Ferreira – Deputado federal pelo PT, Paulo Teixeira acompanhou Lula como testemunha no depoimento do ex-presidente à Polícia Federal após condução coercitiva. Ele também aparece no processo como testemunha do ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto. Segundo o "Blog do Josias", Teixeira precisou explicar ao juiz Sérgio Moro como um repasse de R$ 190 mil feito pela empreiteira Enegevix parou na contabilidade de sua campanha em 2014. Ele afirmou se tratar de um engano. Teixeira também se tornou um dos principais críticos da Lava Jato. Segundo colegas de conselho, ele costuma comparecer às reuniões do órgão no Corinthians, para o qual foi indicado com vitalício.
Vicente Cândido – Também, deputado federal pelo PT, ele foi eleito para um período de três anos como conselheiro em 2014, quando Mário Gobbi venceu a eleição para presidente. O político entrou na chapa principalmente pelo bom relacionamento com Andrés Sanchez e por seu trânsito em Brasília. Na ocasião, ele era relator da lei geral da Copa. Em 2014, a "Folha de S.Paulo" publicou que o nome dele aparecia em relatório da Lava Jato por causa de uma declaração do doleiro Alberto Youssef, um dos principais personagens do escândalo de corrupção. Ele teria afirmado que, a seu pedido, um executivo esteve com Cândido em São Bernardo em busca de recursos, mas não obteve êxito. Na ocasião, o deputado disse ao jornal ter conhecido o doleiro numa viagem para Cuba, mas afirmou não se lembrar de ter encontrado com um emissário dele. No clube, Vicente costuma participar das reuniões do Conselho. No final de 2015, ele foi destaque do site oficial do Corinthians por entregar uma camisa do time ao presidente do Banco Industrial e Comercial da China, apresentado na nota como o maior banco do mundo.
André Luiz Oliveira, o André Negão – Vice-presidente do Corinthians foi alvo de uma condução coercitiva para explicar à polícia porque seus endereço e telefone apareciam numa suposta planilha de pagamentos de propina da Odebrecht, que construiu o estádio corintiano, sob a alcunha de Timão. O valor registrado era de R$ 500 mil. Ele acabou detido por algumas horas por ter em casa duas armas irregulares. André não tem ligação umbilical com o PT, mas atuou na linha de frente da campanha de Andrés Sanchez a deputado federal e hoje trabalha no gabinete dele em São Paulo. O dirigente nega ter recebido propina. Seu sonho é ser o primeiro presidente negro do Corinthians.
Sobre o Autor
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.
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