Troca em estacionamento da arena gera novo problema para Roberto de Andrade
Perrone
14/02/2017 04h00
A troca da Omni, empresa do Omnigroup, pela Indigo como responsável pelo estacionamento da arena Corinthians trouxe mais problemas para a diretoria comandada por Roberto de Andrade, alvo de um processo de impeachment.
Agora a dor de cabeça para a direção é que a troca foi feita sem que o Conselho Deliberativo fosse consultado. "Na última reunião (em 30 de janeiro), ficou estabelecido que contratos relevantes envolvendo a arena não poderiam ser feitos sem passar pelo conselho. Então, agora estou pedindo o distrato com a Omni e o contrato com a Indigo, se eles foram de fato feitos", afirmou ao blog, Carlos Guilherme Strenger, presidente do conselho.
Como há uma comissão criada no conselho para discutir tudo que envolve a casa alvinegra, o conselheiro Romeu Tuma Júnior sugeriu que nenhum documento importante relativo a arena fosse assinado sem prévia autorização dos integrantes do órgão. A medida foi aprovada na presença de Andrade. "Se um contrato foi rescindido, e outro foi assinado, ele (presidente do clube) descumpriu duas vezes a decisão unânime do conselho", afirmou Tuma Júnior.
O caso se torna mais sensível porque o contrato com a Omni é um dos atos de Andrade que embasam o pedido de impeachment. Ele foi assinado com uma data na qual o cartola ainda não era presidente. Além disso, o acordo era considerado lesivo ao clube por conselheiros. O dirigente alega que assinou a papelada depois de tomar posse e que houve apenas um erro na data.
Procurada, a assessoria de imprensa do Corinthians responsável pela arena afirmou que o "tema (mudança na operação do estacionamento) foi conduzido pelo Arena Fundo de Investimento (que tem Corinthians e uma das empresas da Odebrecht como cotistas)". Ou seja, a iniciativa não teria partido de Andrade ou de sua diretoria.
Porém, no site da arena, quem deu declaração sobre a troca foi o presidente corintiano, não um representante do fundo. Ele deixou clara a participação do clube na formalização da nova parceria. "Pensamos sempre em proporcionar a melhor experiência aos torcedores que vem à Arena Corinthians, seja por um jogo ou simplesmente para visitação. Por isso, estamos muito satisfeitos em formalizar este acordo, que vem sendo discutido desde o ano passado", disse o dirigente à página oficial.
Ao revelar que as conversas com a nova responsável pelo estacionamento acontecem desde 2016, Andrade joga um ponto de interrogação em sua defesa por escrito contra o impeachment, pedido no final do ano passado. Na peça, o presidente e seu advogado, Alberto Bussab, diretor jurídico alvinegro, defendem o contrato com o Omnigroup. Eles escreveram que a escolha da antiga parceira foi feita com a concordância dos cotistas do fundo em "razão da plataforma tecnológica já utilizada pela empresa na venda de ingressos e no controle de acesso aos jogos do SCCP, envolvendo inclusive o plano Fiel Torcedor, o que facilita a operação com a utilização da mesma plataforma pelos interessados em estacionar seus veículos".
Apesar de esse argumento ter sido escrito recentemente, agora o presidente avalia, como disse ao site do estádio, que a nova parceria trará muitos benefícios aos torcedores que vão aos jogos de carro. E, pelo barulho feito pela mudança, muitos pedidos de explicação feitos por conselheiros à diretoria e acusações de desrespeito ao órgão.
Sobre o Autor
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.
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