R$ 200 mil do agente Carlos Leite entram no Corinthians e geram polêmica
Perrone
29/12/2017 04h00
Os cofres do Corinthians receberam recentemente R$ 200 mil do empresário de jogadores Carlos Leite. Ao blog, o agente afirmou que emprestou essa quantia para o clube numa operação registrada em contrato. Ele respondia à indagação sobre polêmica eleitoral que envolve a movimentação financeira. Porém, Emerson Piovezan, diretor financeiro à época, nega que a operação tenha sido feita. Pelo menos por sua área.
O depósito foi identificado em investigação da comissão eleitoral corintiana. Segundo a apuração realizada pelos conselheiros, a verba teria sido enviada para regularizar a situação de sócios inadimplentes a fim de que eles pudessem votar na eleição presidencial marcada para 3 de fevereiro. No entanto, essa versão é veemente rechaçada pelo agente dos corintianos Cássio, Fágner e Camacho, entre outros atletas de diversos times.
"Comprovamos que o Carlos Leite fez o depósito em dinheiro. A funcionária do clube responsável por receber os pagamentos disse no depoimento dela na comissão que o dinheiro em nome dele foi dado para pagar as taxas de regularização de sócios inadimplentes", afirmou o conselheiro Miguel Marques e Silva, presidente da comissão eleitoral corintiana.
"Não dei dinheiro para ninguém. Com a minha experiência, você acha que eu ia me envolver em eleição de clube?", declarou o empresário.
Em conversa com este blogueiro na última quarta (27), Leite também afirmou que poderia ter feito um empréstimo nesse valor ao clube e assegurou que levantaria a informação. No dia seguinte, ele declarou que em 30 de novembro emprestou R$ 200 mil para o Corinthians mediante um contrato de mutuo, operação legal. "Empresto dinheiro para clubes que me pedem. Mas é tudo legal, com contrato de mutuo. Agora, não sei o que o clube faz com o dinheiro. Se tem clube que usa para pagar mensalidade atrasada de sócio, eu não sei", afirmou no contato inicial.
"Empréstimo? Que empréstimo?", respondeu Piovezan por mensagem de celular ao ser indagado sobre o tema. "Não procede essa sua informação. Não houve nada em relação ao clube, digo na área financeira, nesse sentido", completou o cartola. Piovezan deixou a diretoria de finanças para ser candidato à vice-presidência pela chapa de Paulo Garcia.
Leite já fez empréstimo para o Corinthians antes. A operação constou em balanço do clube. O empresário também negou que tenha feito depósito em dinheiro. "Foi uma transferência eletrônica da minha conta para a conta do clube. Vou interpelar judicialmente essa funcionária que teria dito que foi em dinheiro", declarou o agente. Depois da publicação da primeira versão deste post, o agente enviou por celular foto do comprovante de uma transferência de R$ 200 mil da sua conta para a do clube na tarde do dia 30 de novembro.
A comissão eleitoral não tem poder para convocar o agente para depor, já que ele não é sócio.
A investigação aconteceu porque a comissão considerou ilegal promoção feita pela diretoria no início de dezembro para dar desconto de 50% aos inadimplentes que quisessem ficar em dia. Dessa forma, eles poderiam votar no pleito. A iniciativa foi anunciada em 1º de dezembro, um dia depois da data em que Leite declara ter feito o empréstimo.
O estatuto corintiano proíbe anistia para associados a partir de um ano antes da eleição. Mas a diretoria entendeu que o desconto não configurava anistia. Ela só seria caracterizada com o perdão total da dívida. No entanto, a comissão discordou da tese e barrou os anistiados da eleição. A partir daí passou a investigar quem foram os responsáveis por efetuar os pagamentos para saber se as verbas entraram nos cofres e se candidatos estavam bancando sócios, que são eleitores.
Paulo Garcia foi o único postulante à presidência que confirmou ter bancado regularizações.
No caso do título familiar, o desconto era de R$ 600.
Sobre o Autor
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.
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