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Sociedade em empresa para agenciar atletas faz Peres correr risco no Santos

Perrone

13/04/2018 08h12

José Carlos Peres, presidente do Santos, aparece entre os sócios da  Saga Talent Sports & Marketing, empresa que tem em seu contrato social a "administração e o gerenciamento de carreiras de atletas profissionais e amadores" como um de seus objetos. Outra atividade é "a intermediação na negociação de direitos federativos de atletas, tanto no país como no exterior". Porém, o estatuto santista impede os membros do comitê de gestão do clube de serem procuradores, agentes e empresários de jogadores e de manterem sociedade com quem exerce tais atividades.

Baseados nessa proibição, conselheiros do clube analisam a possibilidade de colher assinaturas de colegas com o objetivo de pedirem a abertura de um processo de impeachment contra Peres no conselho deliberativo. A alegação é a de que ele teria desrespeitado o estatuto por fazer parte da empresa. Como presidente do Santos, ele preside também o comitê de gestão.

Procurado pelo blog, Peres minimizou o tema. "Empresa inativa há vários anos. Nunca funcionou. Criada por sete santistas, está para fechar há vários anos. Ridículo", afirmou o dirigente em mensagem de texto por celular. Ele não negou a previsão de atuação relacionada a jogadores no contrato social, ao qual o blog teve acesso.

Indagado sobe o motivo de a Saga Talent ainda não ter sido fechada, o cartola respondeu: "meu contador já fechou, precisa dar baixa. Fechar empresa no Brasil é complicado. Mas esta empresa nunca funcionou".

No site da Jucesp (Junta Comercial de São Paulo), a ficha cadastral da Saga Talent aponta o início das atividades da empresa em 2 de fevereiro de 2005 e não há registro de encerramento de sua atuação. Como objeto social aparece apenas "criação de estandes para feiras e exposições".

A ficha traz ainda o registro de "pendência administrativa".

A última movimentação anotada na ficha é de março de 2005, sobre a existência de outra sociedade com nome similar.

Peres é citado como um dos sete sócios com participação de R$ 40 mil no capital que é de R$ 100 mil. Seus parceiros na empreitada têm participação de R$ 10 mil cada.

No quadro societário, também aparece Ricardo Marco Crivelli, o Lica. Ele foi nomeado por Peres como gerente das categorias de base do Santos. "O Lica foi contratado na gestão do Marcelo Teixeira como observador, prosseguindo nas gestões do Laor (Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro) e do Odílio Rodrigues. Trouxe ao clube várias joias. Está desde janeiro como gerente da base, respondendo ao gerente executivo da base. Não tem nenhum arranhão em sua vida", afirmou o presidente santista.

Caso os conselheiros decidam pedir o impeachment, o requerimento deve ser entregue a Marcelo Teixeira, presidente do conselho. O cartola teria cinco dias para encaminhar o documento para a comissão de inquérito e sindicância do órgão. Peres teria dez dias, a partir da notificação. para apresentar sua defesa. Cabe à comissão mostrar ao conselho parecer recomendando ou não eventuais impedimentos de presidentes. Se o parecer for aprovado por dois terços dos conselheiros, ele segue para escrutínio em assembleia geral dos sócios, que tem o poder de afastar presidentes do clube com votação por maioria simples.

O estatuto santista prevê que, em caso de impedimento do presidente, o vice assume o cargo. Atualmente, o posto é ocupado por Orlando Rollo, que vive relação turbulenta com Peres.

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Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.


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