Topo

Com Bolsonaro, times devem ser pouco ouvidos e ter saia justa com torcidas

Perrone

29/10/2018 11h05

Pouca representatividade no Governo Federal e uma saia justa com torcidas organizadas. Em primeira análise, esse é o cenário desenhado para os clubes brasileiros especializados no futebol com a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) na eleição presidencial brasileira.

Em seu programa do governo, o agora presidente eleito não listou propostas para o futebol. Ele deve incluir o Ministério do Esporte no programa de fusões ministeriais. A tendência é de que a pasta se junte a outras como Educação e Cultura.

A fusão por si só já demonstra que o futebol não terá a relevância dos tempos de Lula e Dilma Rousseff. Por conta da realização da Copa do Mundo, a modalidade ganhou destaque no Governo Federal.

Aldo Rebelo e Orlando Silva, ex-ministros do Esporte no governo petista, mantinham linha direta com dirigentes de clubes brasileiros. Costumavam frequentar os eventos promovidos pelas agremiações. Também sustentavam diálogo com a CBF. Não há expectativa de relação tão estreita agora.

Em termos comparativos, o candidato petista Fernando Haddad planejava liderar a discussão por um calendário unificado para o futebol brasileiro que contemplasse as necessidades dos clubes que não fazem parte das Séries A, B e C.

Em resposta à pergunta feita pelo blog, ainda durante a disputa eleitoral, a assessoria de imprensa da campanha de Haddad afirmou que o futebol seria a grande prioridade do governo em termos de esporte. E que lançaria o Programa de Gestão do Futebol. Por meio dele, o BNDES liberaria recursos para as agremiações que cumprissem metas de eficiência e sustentabilidade financeira, transparência, mecanismos de participação de sócios e torcedores e compromisso social. Os clubes deveriam exigir que entidades de administração, como a CBF, seguissem as regras do programa.

O blog tentou contato pelo canal de comunicação da campanha de Bolsonaro disponível em seu site para falar sobre o mesmo tema, mas não obteve resposta.

Torcidas organizadas

Uma situação delicada que o novo governo deve criar para os dirigentes é a relação com as uniformizadas. Major Olímpio, senador eleito pelo partido de Bolsonaro em São Paulo, pretende extinguir as organizadas.

E elas têm histórico de pressão sobre as diretorias da maioria dos clubes brasileiros. Ou seja, devem pressionar os dirigentes de seus clubes para ajudar a combater a proposta do senador eleito.

Como deputado federal, Olímpio já apresentou projeto para a extinção dessas instituições. No momento, ele aguarda análise na  Comissão de Esporte da Câmara.

Mas o simples fechamento das organizadas foi considerado como ato que fere a constituição no que diz respeito à liberdade de associação. Esse foi o entendimento de deputado federal Carlos Henrique Gaguim (DEM-TO), relator do projeto na Comissão de Segurança Pública e Combate ao crime de organizado.

Ele sugeriu e a comissão aprovou a substituição da redação que previa o fim das torcidas apenas pela volta de um artigo no estatuto do torcedor que havia sido revogado e que facilita punições individuais aos torcedores violentos independentemente de eventuais penalidades às suas torcidas.

Como Major Olímpio é um dos principais apoiadores de Bolsonaro, esse tema deve ser o primeiro ligado ao futebol levantado pelo novo governo.

Assim, a previsão é de uma situação nada confortável para os dirigentes de clubes a partir da posse de Bolsonaro.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Com Bolsonaro, times devem ser pouco ouvidos e ter saia justa com torcidas - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.


Perrone