Justiça aceita denúncia contra Mustafá em caso envolvendo suposto cambista
Perrone
19/12/2018 17h20
O juiz Ulisses Augusto Pascolati Júnior aceitou nesta quarta (19)denúncia apresentada pelo Ministério Público contra Mustafá Contursi, ex-presidente do Palmeiras, e mais duas pessoas acusadas de envolvimento com suposta revenda ilegal de ingressos.
A abertura do processo foi determinada após conclusão do inquérito que investigava denúncias sobre a participação do cartola em suposto desvio de entradas oferecidas a ele pela Crefisa, patrocinadora alviverde. Os bilhetes teriam sido entregues a uma sócia do clube e repassados a um cambista.
Além de Mustafá, terão que responder às acusações na Justiça Eliane de Souza Guimarães Fontana, associada palmeirense, e Anderson Munari, que teria atuado como cambista.
Procurado pelo blog, o ex-presidente do Palmeiras disse não ter conhecimento da decisão. "Acho um absurdo, mas não vou comentar porque não fui notificado", declarou Contursi. Eliane e Munari não foram localizados pelo blog.
Durante as investigações policiais Mustafá e Eliane negaram ter repassado entradas para cambistas. O dirigente alegou nunca ter revendido ingressos. Os três acusados terão dez dias para apresentarem suas defesas.
Vale lembrar que o fato de a denúncia ser aceita significa que o processo será aberto para que seja apontada pela Justiça culpa ou inocência dos réus.
Mustafá foi denunciado por supostamente ter cometido crimes previstos nos artigos 41-F (vender ingressos para eventos esportivos por preço superior ao estampado no bilhete) e 41-G (fornecer, desviar ou facilitar a venda de ingressos por preço superior) do estatuto do torcedor.
A pena prevista no primeiro artigo é de reclusão de um a dois anos e multa. No segundo, a punição é de dois a quatro anos de reclusão, além de multa. Eliane foi denunciada no artigo 41-G, e Munari no 41-F.
O MP havia pedido o arquivamento do caso, mas os advogados da Crefisa pediram novas investigações e foram atendidos.
De acordo com a denúncia, os depoimentos de duas testemunhas que alegam ter comprado os ingressos por preço maior que o de face foram fundamentais. Os dois torcedores afirmam que foram até o Sindicato Nacional das Associações de Futebol, presidido por Contursi, para comprar entradas para jogos do Palmeiras por R$ 200 e R$ 300. Um deles sustenta que ao chegar no local e perguntar pelos bilhetes uma moça chamou Mustafá. O outro relata que comprou ingressos diretamente do cartola.
Segundo a investigação, a Crefisa doava 70 ingressos para Mustafá repassar a sócios e conselheiros do Palmeiras. Pelo menos parte dessas entradas teria sido revendida de forma ilegal.
Também nesta quarta, o Conselho Deliberativo do clube suspendeu sindicância que fazia sobre o caso por conta da decisão do juiz de aceitar a denúncia. A medida foi tomada na mesma reunião em que o órgão aprovou o orçamento da agremiação para 2019.
Leila Pereira e José Roberto Lamacchia, donos da Crefisa, e Paulo Rogério de Aquino, o Paulo Serdan, líder da Mancha Alviverde foram ouvidos durante o inquérito na condição de testemunhas.
O casal de empresários se elegeu para o Conselho Deliberativo do Palmeiras com o apoio de Mustafá. Porém, por conta de divergências os dois se tornaram adversários políticos do ex-presidente.
Colaborou Danilo Lavieri, do UOL, em São Paulo
Sobre o Autor
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.
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