Oferta bilionária ao Palmeiras vira munição contra Genaro e Nobre
Perrone
18/12/2018 04h00
A proposta bilionária de patrocínio apresentada pela Blackstar ao Palmeiras extrapolou os limites comerciais e financeiros. A oferta se transformou em munição política contra Genaro Marino Neto, ex-vice e candidato derrotado na última eleição, e o ex-presidente Paulo Nobre.
A dupla é atacada nos bastidores por ter apresentado a oferta acusada de fraude. Os dois estão entre os principais adversários políticos do atual presidente Maurício Galiotte.
Dessa forma, o tema rapidamente se transformou em artilharia pesada para pelo menos parte dos situacionistas tentar minar os dois.
Genaro revelou a oferta, com promessa de pagamento de R$ 1 bilhão à vista, no final da campanha eleitoral. Rubnei Quícoli, representante no Brasil da empresa com sede em Hong Kong, havia mostrado o interesse primeiro a Nobre. O ex-presidente, então, apresentou Quícoli a Genaro.
Nobre e o ex-candidato podem ser alvos de uma comissão de sindicância do Conselho Deliberativo. Isso porque o presidente Maurício Galiotte afirma que a garantia bancária apresentada pela Blackstar para tentar fechar o negócio era falsa. O dirigente usa informação oficial passada pelo banco HSBC ao clube apontando que a carta de garantia com a chancela da instituição é falsa.
Assim, o presidente do Conselho Deliberativo, Seraphim Carlos Del Grande, acredita que o órgão deve apurar eventuais responsabilidades de Genaro e Nobre no episódio.
Antes da acusação feita por Galiotte, já havia conselheiros incomodados com a dupla por considerarem que os dois deveriam ter tido mais cuidado na checagem de dados antes de divulgarem a oferta.
"Essa proposta teve um acúmulo de coisas estranhas. Quem a intermediu e tentou usar disso politicamente tem que ser responsabilizado", disse ao blog o conselheiro Guilherme Romero.
Ele foi eleito pela chapa situacionista e faz parte de um grupo batizado de Arquibancada. "O Genaro apresentou a proposta a dois dias da eleição. Com isso ele joga para baixo seus 20 anos de história no clube. E o Paulo Nobre mancha seu status de salvador da pátria, de presidente que saiu reverenciado. Eles não precisam disso", completou Romero.
Genaro nega que tenha apresentado a oferta com intenções eleitorais e que não fez pesquisa sobre a empresa. "Pesquisamos! As certidões que recebemos pareceram verdadeiras", declarou o ex-vice ao blog. Nobre não atendeu às ligações.
Defensores de Genaro e do ex-presidente afirmam que a responsabilidade de verificar a veracidade das informações e a situação financeira da empresa era da diretoria. Também acusam a direção de agir de maneira política contra os dois, o que é rechaçado pela direção.
Indagado se acredita que o episódio está sendo usado politicamente contra ele, Genaro respondeu: "pode ser que sim. Mas recebemos de boa fé uma proposta e oferecemos para análise do clube".
O ex-vice e Nobre começaram a se distanciar de Galiotte por causa de divergência com Leila Pereira, agora conselheira e dona da Crefisa e da FAM, que discutem renovação contratual com o alviverde. Ao denunciar a suposta falsificação, Galiotte declarou encerrada a negociação com a Blackstar e afirmou que só conversa neste momento com as atuais patrocinadoras.
Ou seja, a polêmica fortaleceu as empresas de Leila no clube. Alguns torcedores críticos do acordo com a Crefisa passaram a apoiar a renovação após o caso Blackstar.
Por sua vez, Quícoli nega que sua empresa tenha fraudado o documento de garantia bancária e fala em tomar providências. "A verdade está vindo", disse ele ao UOL Esporte.
Com Danilo Lavieri e Leandro Miranda, do UOL, em São Paulo
Sobre o Autor
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.
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Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.