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Declaração sobre mulher com HIV aumenta pressão em diretor do Corinthians

Perrone

22/02/2019 04h00

Pense em um cara pressionado. Agora imagine o sujeito fazendo justamente algo de que seus críticos acabam de reclamar. Foi o que aconteceu nesta quinta (21) com o diretor de marketing do Corinthians, Luís Paulo Rosenberg.

Ele deu mais munição aos conselheiros que pedem sua cabeça ao citar, em entrevista para a "ESPN Brasil", mulher com HIV ao explicar a dificuldade de vender os "naming rights" da arena do clube.

A comparação foi classificada por pelo menos parte de seus detratores como preconceituosa. "Foi uma declaração imbecil, discrimina mulheres e portadores do vírus HIV. Uma afirmação dessas dificulta ainda mais a já difícil negociação dos 'naming rights'. Seria essa a postura de um diretor de marketing?", disse ao blog o conselheiro corintiano Fran Papaiordanou.

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Ele é um dos signatários de uma carta, com data desta quinta, endereçada ao presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, protestando contra a campanha da religião corintiana (Corinthianismo), lançada pelo departamento de marketing alvinegro. A mensagem também critica outras falas do dirigente.

O documento foi feito antes de Rosenberg dizer o seguinte: "Eles (interessados nos 'naming rights') se sentem na situação de estar vendo a esposa perfeita, com dotes culinários, formada com MBA no exterior, uma mãe de filhos maravilhosos, mas parece que tem teste de aids positivo. Como é que eu encaixo a camisinha é o grande desafio." Na verdade, o teste identifica a presença do vírus HIV no corpo, não da doença que pode se desenvolver depois.

"Acho que o Rosenberg bateu a cabeça pelas declarações que ele está dando, as atitudes que ele vem tomando. Além de ser uma fala preconceituosa, se o próprio diretor de marketing do Corinthians dá uma declaração desse tipo, dizendo que o estádio tem problema, seja lá qual for, quem seria o louco de dar o nome para a arena?", comentou o conselheiro Rubens Gomes.

Felipe Ezabella, um dos candidatos derrotados por Andrés Sanchez, tmandém criticou a fala do diretor de marketing ao ser procurado pelo blog.

"A declaração, a analogia com a mulher com Aids, é vergonhosa e preconceituosa, tudo que o Corinthians não pode representar. Mas desfoca da questão de fundo, já que se há algum receio de investidores é por conta e responsabilidade dessa mesma gestão, ineficiente, obscura, polêmica, envolta com escândalos e mais escândalos, que não presta contas do estádio, da construção, da relação com a Odebrecht e todas as suas implicações criminais", disse Ezabella.

O blog tentou ouvir Rosenberg sobre as críticas à essa comparação e em relação à carta com o protesto de conselheiros contra ele, principalmente por causa do da campanha do Corinthianismo. O diretor não respondeu às mensagens até as 23h40.

Mais cedo, ao UOL Esporte, o dirigente explicou o sentido da comparação. "O sentido é que você tem uma marca de grande reverberação só que o que as empresas veem (no futebol sul-americano) deixa elas assustadas", disse o cartola.

Na carta enviada a Andrés, os conselheiros afirmam que uma entrevista concedida por Rosenberg no início de fevereiro para a "Folha de S. Paulo", "eivada de expressões de baixo calão", já justificaria o protesto. Na ocasião ele explicava o contrato de patrocínio com o BMG.

Os críticos do diretor dizem no comunicado que a campanha referente ao Corinthianismo ignora o fato de o clube ter torcedores ligados a diversas religiões.

"Ficou a impressão de que, após implantar a nova religião, o próximo passo será cobrança de dízimo dos corinthianos na base do 'já que não consigo patrocinadores, vou tomar dinheiro dos torcedores"', aponta trecho do manifesto. A carta também critica a atuação profissional de Rosenberg na área financeira, alega que a campanha traz gastos com publicidade no lugar de gerar receita e pede a "interdição" do diretor de marketing.

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Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.


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