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Déficit de R$ 77,3 mi põe contas santistas em xeque. Clube não vê problemas

Perrone

15/04/2019 17h12

Nesta segunda (15), o Conselho Deliberativo do Santos vota as contas de 2018 da gestão de José Carlos Peres. O Conselho Fiscal (CF) da agremiação recomenda que elas sejam reprovadas. O órgão fala em suposta má gestão e, suspeita. Assim, requer o encaminhamento do relatório para a Comissão de Inquérito e Sindicância para verificação e tomada de eventuais providências. Por sua vez, a direção sustenta não existirem irregularidades.

De acordo com o parecer do CF, obtido pelo blog, o Santos fechou 2018 com um déficit de R$ 77,3 milhões, desrespeitando as regras do Profut, programa que parcelou as dívidas fiscais dos clubes, sempre conforme análise dos conselheiros fiscais. A lei determina que o déficit das agremiações com as dívidas refinanciadas seja no máximo igual a 10% da receita obtida no ano anterior. Segundo o Conselho Fiscal, essa marca chegou a 26,96%, o que permitiria ao Governo Federal descredenciar o Santos do programa e cobrar o débito de uma vez. O documento também lembra que déficit superior a 20% da receita obtida um ano antes deixa a gestão classificada como temerária.

O CF ainda alega que o estatuto do clube foi desrespeitado porque a diretoria não teria feito correções para evitar grande diferença entre as despesas previstas no orçamento e as realizadas em 2018. O orçamento previa  aproximadamente R$ 222 milhões em despesas no ano passado. Porém, os gastos foram de cerca de R$ 266 milhões. A receita obtida ficou na casa de R$ 217,7 milhões. A previsão orçamentária falava em arrecadação de R$ 325,1 milhões. A dívida santista aumentou em R$ 12,1 milhões, segundo o documento.

Relatório preparado pela diretoria para rebater os pontos levantados pelo CF  alega que o resultado contábil só foi deficitário porque o dinheiro arrecadado com a negociação de Rodrygo com o Real Madrid poderá ser contabilizado apenas no balanço de 2019. São R$ 172 milhões. A direção relata que isso prejudicou o resultado de 2018, porém, "projeta um cenário positivo para 2019, conforme orçamento aprovado pelo Conselho Deliberativo". Argumenta ainda que o déficit apresentado é um resultado contábil que um retrato de 31 de dezembro de 2018 que não reflete as questões financeiras do clube.

Sobre a diferença entre orçamento e valores realizados, o documento preparado pelos gestores aponta que a previsão orçamentária era "não realista" e foi efetuada em outubro de 2016 com a visão da gestão anterior. Sustenta também que a peça orçamentária para 2018 não chegou a ser aprovada pelo Conselho Deliberativo.

Outra observação do Conselho Fiscal é de que a diretoria não teria atendido à recomendação do órgão para evitar pagamento de comissões a empresários de jogadores que renovam contrato ou que chegam por empréstimo. Na renovação de Vítor Ferraz foram pagos R$ 202.824 a título de intermediação. Para renovar com Diogo Vítor foram R$ 120 mil, mesmo valor gasto com comissão no empréstimo de Dodô, de acordo com o parecer.

Também está anotado pagamento de intermediação na contratação de Sacha no valor de R$ 1.462.000. Na vinda de Cuca, hoje no São Paulo, foi registrado pagamento de comissão de R$ 595 mil. As negociações listadas no relatório totalizam R$ 4.829.392 em intermediações.

A apresentação que a diretoria preparou para exibir ao conselho diz que "não há nenhum óbice legal para o pagamento de comissões pela renovação ou empréstimo de atletas. "Ademais, a recomendação destoa da realidade do mercado do futebol brasileiro. Exemplo de tal situação é o imbróglio para a renovação do atleta Diego Cristiano Evaristo, o Pituca, que não renovou justamente pelo (fato de o) empresário exigir pagamento pela intermediação da renovação", sustenta a explicação da administração comandada por Peres. Outro dado apresentado é o de que em 2016 e 2017 o Santos gastou R$ 20 milhões com comissões contra cerca de R$ 4,8 milhões e m2018″.

O blog também teve acesso ao parecer da auditoria independente que considerou as demonstrações financeiras do clube adequadas, mas com ressalvas. A empresa especializada M/Legate listou entre os pontos que geraram as ressalvas falta de confirmação de clubes e empresas que teriam dinheiro a pagar ou receber do Santos. Na lista estão R$ 740 mil que seriam devidos pela Lazio e R$ 110.975  pelo Real Madrid. Também aparecem R$ 2,6 milhões a serem pagos para CBF, R$ 2,4 milhões devidos para In Setti Marketing Esportivo por conta de direitos de imagem e R$ 520 mil para a Image Rights BRG.

No documento que produziu, a direção reafirma que as ressalvas foram feitas por conta de informações que dependiam de terceiros e que nenhum dos assuntos abordados teve influência no resultado financeiro.

Os auditores independentes dizem ainda existir "incerteza relevante relacionada à continuidade operacional do clube". Para essa continuidade acontecer são necessários aporte e captação de recursos, além do sucesso de medidas planejadas pela diretoria.

 

 

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Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.


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