Na opinião deste blogueiro, Abel Braga agiu sabiamente ao pedir demissão do Flamengo antes que fosse demitido. O treinador está numa fase da vida na qual não precisa se sujeitar a um processo de fritura para manter o salário até levar um bico no traseiro. O fato de não existir multa contratual, claro, facilitou sua decisão.

Caso seguisse no cargo, o técnico continuaria enfrentando críticas diárias de torcedores furiosos e alfinetadas marotas de cartolas insatisfeitos até ser colocado para fora da Gávea.

Essa pressão, obviamente, faz mal à saúde do treinador e dos outros envolvidos na rotina de estresse vivida pelo Flamengo.

Para o clube, como instituição, a decisão também foi a mais saudável. Já que a diretoria passa a se concentrar na recuperação do time, em vez de ficar remoendo erros do passado e aumentando a temperatura da frigideira.

Com o pedido de demissão, chega ao fim uma relação de  empregado e empregador em que ninguém enganou ninguém. A diretoria conhecia o estilo de Abel e seu potencial quando o contratou.

Não dava para esperar que ele montasse um time que desse espetáculo, mesmo com um elenco valioso. Claro que direção, torcida e imprensa (talvez até mais) exigiram muito do treinador por causa da qualidade (ou em alguns casos mais do preço do que do nível) dos jogadores. Abel saiba que seria assim.

É um efeito colateral que o próximo comandante também irá sentir. Se a pressão sempre é grande no Flamengo, com um elenco caríssimo ela aumenta demais.

Agora, é uma verdade  que o treinador poderia ter feito o Flamengo jogar muito mais, ainda que sem a pretensão de dar show. Poderia não, deveria.