Análise: como sucesso do Fla pressiona quatro grandes paulistas
Perrone
25/11/2019 10h34
De uma certa forma, o sucesso do Flamengo, campeão da Libertadores e do Brasileirão, pressiona todos os seus rivais nacionais. Abaixo, veja como essa pressão funciona com os quatro grandes de São Paulo, na análise deste blogueiro.
Palmeiras
É o principal atingido. Isso porque, apoiado pela Crefisa, é o único clube brasileiro com poderio financeiro para trazer reforços do mesmo peso que os buscados pelo Flamengo.
O sucesso rubro-negro aumenta a pressão de conselheiros e até de parte da diretoria sobre Alexandre Mattos. Faz tempo que o diretor executivo de futebol é criticado por supostamente montar times que não justificam os altos investimentos, apesar dos títulos recentes.
Agora, o Flamengo serve como comparação. Carlos Eduardo foi trazido por cerca de R$ 23 milhões. Por sua vez, Bruno Henrique custou R$ 23.620.000, de acordo com documento oficial do clube da Gávea. Bruno Henrique é um dos protagonistas do Flamengo, e Carlos Eduardo é pouco aproveitado no Palmeiras.
A cobrança de conselheiros e torcedores é para que o alviverde contrate no mesmo nível do Flamengo.
Outro ponto que mostra a pressão direta sobre o Palmeiras é a brincadeira feita por Gabigol com o time paulista durante o festejo pela conquista da Libertadores. Rolou a famosa música que entoa: "o Palmeiras não tem Mundial". A disputa por títulos recentes entre os times fez a rivalidade aumentar.
Santos
A oposição santista usa o sucesso do Flamengo com os ex-santistas Bruno Henrique e Gabigol para ferir o presidente José Carlos Peres. Opositores argumentam que contratar Cueva, já fora dos planos de Sampaoli, pagando mais do que o clube recebeu por Bruno Henrique é prova de má gestão. O peruano foi trazido por cerca de R$ 26 milhões e só vai começar a ser pago no ano que vem.
Também é forte a cobrança para que o presidente acalme Jorge Sampaoli, que dá sinais de irritação com a diretoria. Manter o treinador é visto no clube como única opção para que o Santos tente encarar o Flamengo de Jorge Jesus de maneira digna.
Corinthians
Tradicionalmente, Andrés Sanchez coloca o Flamengo como principal concorrente do alvinegro no mercado. Principalmente por causa do tamanho das duas torcidas que turbina suas capacidades de gerar receitas.
Porém, o triunfo do rubro-negro transformou o presidente corintiano em refém de suas palavras sobre o rival.
O Corinthians tem visto o Fla aumentar sua vantagem em relação as receitas geradas. E, neste ano, a diferença técnica entre os dois times é gigantesca.
Nesse cenário, a direção corintiana é pressionada dentro e fora do clube para colocar um ponto final na política de contratar muitos jogadores medianos. Ainda que essa filosofia já tenha ajudado o alvinegro. O desejo é ver nomes tão bons quanto os encontrados pelos flamenguistas chegando.
O problema é que falta dinheiro no alvinegro para concorrer com o Flamengo em termos de contratações.
São Paulo
Dos quatro grandes paulistas, o clube do Morumbi é o mais pressionado pela torcida para conquistar títulos. Isso justamente por causa do jejum de canecos minimamente relevantes. O último foi o da Sul-Americana de 2012.
Mesmo sem dinheiro em caixa e precisando recorrer constantemente a empréstimos, o presidente Leco tentou reverter a situação com reforços de peso. Trouxe nomes com Pablo, Pato, Juanfran e Daniel Alves.
Tudo que o dirigente conseguiu foi assistir ao sucesso do Flamengo, além de brigar por uma vaga na Libertadores.
A distância do São Paulo em relação ao time de Jesus aumenta as críticas de conselheiros em relação aos gastos feitos pela atual gestão.
Sobre o Autor
Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.
Sobre o Blog
Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.